quarta-feira, 12 de outubro de 2016

O réu que tem um cliente na Lava-Jato


Quase um ano depois de ter sido preso, acusado de tentar atrapalhar as investigações da Lava-Jato, o criminalista Edson Ribeiro voltou a atuar como advogado na operação julgada pelo juiz Sérgio Moro. Acusado de planejar a fuga do seu ex-cliente, Nestor Cerveró, Ribeiro agora representa um ex-executivo ligado a OSX, do empresário Eike Batista. O advogado disse que terá uma atuação “discreta”. Em uma conversa gravada por um filho de Cerveró, no dia 4 de novembro, Ribeiro e o ex-senador Delcidio do Amaral, à época no PT, discutiam estratégias para ajudar o ex-diretor da Petrobras, que estava preso em Curitiba. Os dois chegaram a planejar uma rota de fuga para Cerveró depois que ele conseguisse um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal. Acusado de atrapalhar as investigações, o advogado foi preso no final de novembro. Em fevereiro, o ministro Teori Zavascki, do STF, revogou a sua prisão, mas determinou que ele tem de ficar em casa à noite e nos finais de semana. Além disso, o proibiu de viajar sem autorização judicial. No final de julho, o juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília, aceitou denúncia apresentada pelo Ministério Público contra Ribeiro. O defensor, contudo, disse que não se sentira constrangido de ficar cara a cara com o juiz Sérgio Moro: “Não teria vergonha nenhuma em despachar com ele ou com qualquer outro juiz nesse País. Posso entrar de cabeça erguida em qualquer tribunal deste País”, afirma o advogado, que nega as acusações. Ribeiro argumenta que a família Cerveró o traiu ao não comunicar que gravaria o encontro com o Delcídio. Ele afirmou que suas falas na conversa gravada por Bernardo Cerveró, filho do seu ex-cliente, foram interpretadas de maneira errada, não passando “de um truque para impedir que ex-senador Delcídio do Amaral atrapalhasse a delação de Cerveró”. “Não queria que Delcídio e nem ninguém atrapalhasse a colaboração de Cerveró”, afirmou. O advogado diz ainda que vai “cobrar” todos que o acusaram de participação no esquema. Os primeiros alvos serão o próprio Cerveró e sua família — promete cobrar 16 milhões de reais pelas custas processuais e difamação: “Cada um que me acusou vai pagar".

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