quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Morre aos 80 anos Dib Lufti, o diretor símbolo de fotografia do cinema novo basileiro


Morreu na tarde desta quarta-feira (26) o diretor de fotografia e cinegrafista Dib Lutfi, conhecido por sua atuação em filmes do Cinema Novo, aos 80 anos. Ele estava internado no Hospital Vitória, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, desde sábado (22), mas não resistiu a uma complicação pulmonar. A informação foi divulgada por seu irmão, o músico Sérgio Ricardo em uma publicação no Facebook. "Comunico com muito pesar o falecimento de meu irmão Dib Lutfi, considerado o grande poeta das imagens do cinema novo", escreveu Ricardo na rede social.  Lutfi sofria com a doença de Alzheimer há cerca de oito anos e vivia há cinco no Retiro dos Artistas, onde recebia acompanhamento domiciliar. Nascido em Marília, interior de São Paulo, em 1936, Lutfi mudou-se para o Rio de Janeiro no fim da adolescência. O início de sua carreira se deu em filmes de seu irmão, como em "Menino da Calça Branca", de 1961, no qual chamou a atenção ao acompanhar com a câmera a cambalhota de um ator-mirim, e em "Esse Mundo é Meu", de 1963. Atuando ora como diretor de fotografia, ora como operador de câmera, tornou-se figura importante do Cinema Novo e ficou conhecido por sua habilidade no uso da câmera de mão. "Para Dib, fotografia e câmera eram uma coisa só. Sua maneira de filmar praticamente criou uma linguagem para o Cinema Novo", diz Arnaldo Jabor, com quem Lutfi trabalhou nos filmes "Opinião Pública", "O Casamento" e "Tudo Bem". "Nos anos 1960, quando Glauber Rocha fez 'Terra em Transe', a qualidade do cinema era precária", conta Jabor. "As cenas que eu fiz com ele são inacreditáveis. Em 'Opinião Pública', na cena da falsa beata, ele subiu em uma escada de madeira com a câmera na mão, passou por cima do muro e filmou o outro lado. Ele pegou a precariedade e transformou em uma linguagem". Lutfi trabalhou com Glauber Rocha, em "Terra em Transe" (1967), e Nelson Pereira dos Santos, em "Fome de Amor" (1968) e "Azyllo Muito Louco" (1969), pelos quais venceu o prêmio Candango de melhor fotografia no Festival de Brasília. Ao longo de sua carreira, somou mais de 50 créditos como cinegrafista em curtas e longas-metragens, além de documentários. Seu último trabalho foi no filme "Profana", de 2011, dirigido por João Rocha.  Dib Lutfi deixa um filho, Antonio Lutfi. O cinema novo foi uma corrente de cinema hermético, de esquerdóides, com linguagem fechada, anti-popular e completamente avesso à adoção de uma linguagem inteligível pelas grandes massas. Em resumo, um cinema só para iniciados do ultra-esquerdismo. 

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