domingo, 9 de outubro de 2016

Itaú Unibanco compra rede do Citibank no Brasil por R$ 710 milhões

  

O Itaú Unibanco anunciou neste sábado que acertou a compra dos negócios de varejo do banco americano Citibank no Brasil por R$ 710 milhões, abaixo da expectativa do mercado. A operação inclui empréstimos, depósitos, cartões de crédito, agências, gestão de recursos e corretagem de seguros. Se considerada a provisão da carteira de crédito do Citi, a transação sobe para R$ 2 bilhões. O atendimento a médias e grandes empresas, clientes institucionais (como fundos de pensão) e famílias com grandes fortunas - o chamado Private Bank - ficaram de fora da transação. O braço de investimentos do banco americano também vai permanecer com o Citi. Após a conclusão da aquisição, que está sujeita à avaliação do Banco Central do Brasil e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o Itaú Unibanco passará a ter R$ 1,404 trilhão em ativos, reafirmando a liderança entre bancos privados no País. O Citi anunciou em fevereiro a intenção de vender suas operações de varejo no Brasil, na Argentina e na Colômbia. Itaú Unibanco e o espanhol Santander estavam na disputa pelos ativos no Brasil. No fim de setembro, o Itaú obteve a exclusividade na negociação e, desde então, vinha acertando os detalhes da compra. Durante a semana, muitos rumores de que o negócio estava prestes a ser fechado circularam no mercado, mas todos os detalhes da transação só foram concluídos entre o final da noite de sexta-feira e início da madrugada deste sábado. O canadense Scotiabank estaria na frente na disputa pelas operações na Colômbia. O valor da compra foi considerado baixo pelos analistas. Os ativos de varejo do Citi no País chegaram a ser avaliados em R$ 8 bilhões pelo mercado. João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho, lembra ainda que, mês passado, o Itaú Unibanco pagou quase R$ 1,3 bilhão por 60% do Itaú BMG Consignado. O Itáu já tinha os outros 40%. O Itaú Unibanco não fez qualquer menção às provisões que terá de fazer em seu comunicado ao mercado. Pelo contrário, disse que "não se espera que essa operação acarrete efeitos relevantes nos resultados deste exercício social".  Na nota, o diretor de Relações com Investidores do Itaú Unibanco, afirmou que a transação “reforça a atuação do Itaú no mercado de alta renda, já que a base de clientes do Citibank no País é majoritariamente composta por clientes desse segmento”.  O Citi tem 71 agências e aproximadamente 315 mil correntistas. Além disso, tem R$ 35 bilhões entre depósitos e ativos sob gestão, 1,1 milhão de cartões de crédito e R$ 6 bilhões de carteira de crédito. Já o Itaú Unibanco tem mais de quatro mil agências e postos de atendimento e 44 mil caixas eletrônicos em todo o território nacional. O Itaú Unibanco explicou que a transação também inclui a compra de participações societárias detidas pelo Citibank na TECBAN (Tecnologia Bancária S.A.) e na Cibrasec (Companhia Brasileira de Securitização). Para o analista de bancos João Augusto Salles. da consultoria Lopes Filho, foram duas as motivações para que o Itaú Unibanco avançasse nas negociações com o banco americano: limitar a expansão dos concorrentes e reduzir seu custo capital. "Não é uma operação que agregue muito ao Itaú. Há muita sobreposição. As agências do Citi são majoritariamente em São Paulo, onde o Itaú tem atuação forte. O que o Itaú quer é criar barreiras aos outros bancos, especialmente ao Santander, que tinha interesse no negócio e vem expandindo a atuação no país", afirma Salles. Com a compra do HSBC pelo Bradesco (a migração efetiva de clientes do banco britânico para a operação do Bradesco ocorreu neste sábado) e saída do Citi do País, o único grande banco estrangeiro com operação relevante no varejo bancário brasileiro será o Santander. Salles afirma que o Itaú Unibanco tem excesso de capital, ao contrário dos bancos públicos. Ao fazer uma aquisição, ele usa recursos próprios, reduzindo o custo de capital: "O Itaú Unibanco tem muito capital próprio, que rende menos que o de terceiros. É bom que ele reduza esse excedente", explica o analista.

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