segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Eleição de 2016 valeu também por um referendo: o impeachment foi aprovado por esmagadora maioria

Os partidos que se identificaram com a deposição de Dilma saíram ganhando nas urnas; os identificados com a velha ordem perderam 

Por Reinaldo Azevedo - É certo que as eleições são municipais. Os problemas da cidade — que dizem respeito, pois, à esfera de competência dos prefeitos — têm um peso enorme na escolha do eleitor. Sempre resisto muito em tomar esse pleito como antecipação do que virá ou sintoma do que está em curso. Mas também é preciso ficar atento quando uma evidência grita na nossa cara. E é possível afirmar sem medo de errar: a disputa de 2016 acrescentou ao impeachment de Dilma também a legitimidade eleitoral. A deposição da petista foi, sim, legal e legítima. A eleição dos prefeitos serviu como uma espécie de referendo. E por que se pode afirmar isso com certeza? Porque os partidos que defenderam o impeachment e que, no fim das contas, o conduziram foram os grandes vencedores. O PT amarga uma derrota muito maior do que imaginava. E o desastre se estende às esquerdas. O PT foi o terceiro partido que mais elegeu prefeitos em 2012: 638; neste ano, despencou para o 10º lugar, com apenas 254 cidades. Foi superado por PTB (261), DEM (266), PDT (299), PR (335), PSB (415), PP (492), PSD (540), PSDB (803) e PMDB (1.038).



O PMDB segue sendo a legenda com o maior número de prefeituras — cresceu 1,67% nesse quesito. O grande vitorioso, no entanto, foi mesmo o PSDB, com um aumento de 15,54% — saltou de 695 cidades para 803. Mas o seu número mais expressivo não está aí. Os dados por município já são devastadores para os petistas, que encolheram 60,19%. Mas é quando se analisa a massa do eleitorado que será administrada pelas legendas que se tem clareza da derrocada dos companheiros. Prestem atenção! O PSDB comanda hoje 19 cidades com mais de 200 mil eleitores; passará para 28: crescimento de 47,4%; o PT detém 17; ficará com apenas 1: um encolhimento de espantosos 94,12%. O PMDB também cresceu nesse grupo: saltou de 11 para 17: 27,3%. O PPS, que encolheu discretamente no número total de cidades (de 125 para 122), passará a governar, no entanto, 6 cidades com mais de 200 mil eleitores: tinha apenas 3. O DEM manteve cinco grandes municípios, mas caiu um pouco no número total: de 278 para 266.


O PSD conseguiu manter quatro grandes municípios e teve crescimento expressivo em número de cidades: de 498 para 540 (+ 8,43%), o que o coloca em terceiro lugar. O PSB não tem muito o que comemorar, o que pode ser uma certa punição pelo comportamento um tanto ambíguo do partido: teve uma queda no número de prefeituras: de 440 para 415 (-5,68%). Mas o prejuízo maior se dá nas cidades com mais de 200 mil eleitores: despencou de 11 para 5 (-54,5%). O PCdoB poderia ficar satisfeito com o seu crescimento de 50% em números totais: de 54 para 81. Mas não é o caso: nas cidades grandes, também teve uma derrocada: de 4 para apenas 1.

Resta mais do que evidente: as forças que representavam o antigo regime foram severamente punidas nas urnas; as que se identificaram com a mudança foram premiadas pelo eleitor.

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