segunda-feira, 26 de setembro de 2016

E-mail de Marcelo Odebrecht revela o comprometimento do petista Antonio Palocci


Mensagem obtida pela força-tarefa da Lava Jato indica que o ex-ministro da Fazenda, o petista Antonio Palocci, prometeu "compensar" a empreiteira Odebrecht após o poderoso chefão da Orcrim petista (organização criminosa) e ex-presidente Lula ter vetado a aprovação de um crédito previsto em uma medida provisória de interesse da construtora, segundo o juiz federal Sergio Moro. De acordo com a mensagem, a "compensação" à empreiteira poderia ocorrer por meio de contratos com a Petrobras. Palocci teria dito a Marcelo Odebrecht que o revés imposto por Lula teria ocorrido por influência do ex-ministro da Fazenda, o também petista Guido Mantega, de acordo com o texto. O e-mail, enviado a executivos da empreiteira em 13 de agosto de 2009, começa com um bordão de Odebrecht: "Tudo que é bom, é difícil. Tudo que é fácil, não é para nós". No texto, o acionista da empreiteira escreve que "Italiano (referência a Palocci, segundo a Polícia Federal) acabou de me ligar. Disse que GM (Guido Mantega, para a Polícia Federal) manipulou a info para o PR (Lula, de acordo com os investigadores). Vai estar com PR na 2ª ou durante o final de semana. Combinamos de nos encontrar amanhã as 15hs. Ele mesmo pediu além dos argumentos para a sanção/veto parcial, que levássemos alternativas para nos compensar". Por fim, Odebrecht exclama: "Sejamos criativos!" Segundo os investigadores, o pleito não atendido refere-se a uma espécie de crédito que constava do projeto da medida provisória 460/2009. De acordo com o Ministério Público, Palocci era informado com regularidade por Marcelo Odebrecht de demandas da empresa, inclusive por mensagens criptografadas, e teve quase 30 encontros pessoais com executivos da empreiteira. "Verificou-se uma atuação intensa e reiterada de Palocci na defesa de interesses da Odebrecht", disse a procuradora federal Laura Tessler. Ainda segundo a investigação, Palocci atuava como um "gestor" de uma conta corrente de propinas que a Odebrecht mantinha em favor do PT, que movimentou pelo menos R$ 128 milhões entre 2006 e 2013, de acordo com planilhas apreendidas na empreiteira. Palocci teria recebido, pessoalmente, pelo menos R$ 6 milhões, segundo anotações que apontam "Italiano" como beneficiário dos recursos – o apelido do ex-ministro entre os funcionários da Odebrecht. A Polícia Federal ainda investiga de que forma os repasses eram feitos e se havia outros beneficiários finais do dinheiro. Em um dos trechos da mensagem, Marcelo Odebrecht lista as opções que teriam sido negociadas com Palocci para compensar a empreiteira. Uma delas seriam contratos com a Petrobras. "O ideal seríamos colocar valores de qt somos compensados em cada uma das opções abrindo assim um menu/mix de escolha tributárias e ou com a Petrobrás", escreveu Odebrecht. Por fim, o executivo diz: "Vamos sair melhor do que se tivéssemos ganho".

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