sábado, 6 de agosto de 2016

Sem burocracia, ONGs retiram zumbis das ruas e os abrigam em barracas térmicas neste inverno em Santa Catarina



Sob o frio de até -3ºC, ao lado da rodoviária ou em um ginásio, pessoas carentes e moradores de rua encontram um abrigo especial com sopa quente, cobertor, colchão e kits de higiene. A boa localização e o acesso sem burocracia têm estimulado a busca pelas dez grandes barracas térmicas instaladas pela primeira vez em três cidades de Santa Catarina contra o frio deste inverno. Desde junho, 680 pessoas diferentes buscaram o abrigo temporário. Em junho, uma pessoa morreu em Balneário Camboriú por causa do frio. O fato de não se exigir dados e de o serviço ser administrado diretamente por religiosos e ONGs, sem intervenção das prefeituras, contribui para a procura, segundo voluntários. O serviço foi criado este ano em Lages, na serra catarinense, com sete barracas, em Itajaí (duas) e Itapema (uma), no litoral norte. Neste inverno, a temperatura chegou a -3,2ºC em Lages; nas demais, a mínima foi de 3ºC. As barracas foram cedidas pela Defesa Civil Estadual e, até então, eram usadas para casos de desastre natural. Pelo sucesso, a idéia é estender o serviço até o fim do mês. Com 20 metros quadrados, cada uma abriga até 25 pessoas. Apesar de a imensa maioria ser de homens, há separação das tendas por sexo. Coordenador da Defesa Civil em Itajaí, Everlei Pereira diz que as pessoas só buscam a tenda quando se sentem à vontade. "Os albergues costumam ter muitas regras, o que não ocorre nas barracas. Percebo que isso faz as pessoas se aproximarem".  As barracas de Itajaí foram montadas no pátio da Paróquia São Vicente de Paulo. O município fornece kits de acomodação e higiene e a paróquia, a refeição. "As pessoas sabem que aqui tem colchão, cobertor, uma comida quente de noite e um café de manhã cedinho. Mas o fato de saberem que 'é só chegar' ajuda muito na procura", diz o diácono Juarez Carlos Blanger. Itajaí tem casa de passagem, com 30 lugares, e aberta o ano inteiro. Mas há procedimentos burocráticos para conseguir a vaga, dizem funcionários do local. Em Itapema, elas foram armadas no pátio da Defesa Civil, ao lado da rodoviária e da BR-101, a rodovia mais movimentada do Estado. Diretor da Defesa Civil local, Márcio José da Silva, diz que só é pedido o nome da pessoa que procura abrigo. Em caso de suspeita, ele pode pedir rondas policiais, o que não ocorreu até agora. Há quem chega à cidade em busca de trabalho e, sem encontrar, perambula pela cidade. A Defesa Civil já levou à tenda um rapaz que dormia nos fundos de um shopping e beirava a hipotermia. "Ele ficou 15 dias na tenda até arrumar trabalho como pedreiro. Agora alugou uma casa e até comprou uma bicicleta", diz Silva. Das cem pessoas que já pernoitaram em Itapema, 16 pediram apoio para tratar alcoolismo. Em Lages, as barracas estão em um ginásio de esportes. "Nós oferecemos um kit de higiene com pasta, escova de dente, sabonete e toalha. Mas a pessoa toma banho se quiser", diz Jacques Silva, secretário da Defesa Civil. Não há rejeição a quem chega com sinais de embriaguez leve. "Se criarmos muita regra, como nos abrigos, as pessoas vão ficar na rua e morrer do frio", diz Alves. Essa idéia deveria ser colocada em prática em Porto Alegre para a retirada das ruas dos milhares de zumbis que infestam o espaço público, como embaixo das escadarias do viaduto da Avenida Borges de Medeiros, no centro da capital gaúcha. A prefeitura da cidade já se mostrou completamente incompetente e sem vontade de resolver o problema. Então deveria acontecer a entrada em campo da iniciativa privada, por meio de ONGs, associações e outras entidades do gênero. A porcaria do setor público só contribuiria com a cedência de barracas, colchões e cobertores, além de banheiros químicos. O que não pode continuar acontecendo é o espetáculo de milhares de zumbis atirados pelas ruas da cidade, em quase todos os bairros. 

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