terça-feira, 2 de agosto de 2016

Ex-presidente e ex-diretor da empreiteira propineira Queiroz Galvão são presos de novo na Lava Jato


Em mais uma fase da Lava Jato, a Polícia Federal prendeu preventivamente, nesta terça-feira (2), Ildefonso Colares Filho e Othon Zanoide Moraes Filho, ex-presidente e ex-diretor da Queiroz Galvão. A "Resta Um", 33ª fase da operação, visa obter provas adicionais de crimes de organização criminosa, cartel, fraudes licitatórias, corrupção e lavagem de dinheiro, relacionados a contratos firmados pela empreiteira propineira Queiroz Galvão com a Petrobras.  Os dois executivos já haviam sido detidos na sétima fase da Lava Jato, em novembro de 2014, mas foram soltos após decisão da Justiça. Ainda houve um mandado de prisão temporária contra Marcos Pereira Reis, diretor-financeiro do consórcio Quip S.A – que fez contratos com a estatal para a construção da plataforma P53, da Petrobras, e do qual a Queiroz Galvão era acionista líder –, que ainda não foi cumprido. Além destes, foram expedidos 23 mandados de busca e 6 de condução coercitiva contra dirigentes e funcionários da empreiteira e do consórcio. Segundo as investigações, há indícios de que a Queiroz Galvão formou, com outras empresas, um cartel que participou ativamente de ajustes para fraudar licitações da Petrobras. O Ministério Público Federal aponta que as evidências sugerem ter havido corrupção por meio de propina a funcionários da estatal que se aproximariam de R$ 10 milhões. As obras investigadas no momento envolvem contratos no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, nas refinarias Abreu e Lima, Vale do Paraíba, Landulpho Alves e Duque de Caxias. Os investigadores também apuram indícios de que milhões de dólares em propinas teriam sido transferidos para contas secretas no Exterior tanto pela Queiroz Galvão quanto pela Quip. Reis seria o responsável pelos pagamentos. Em delação, Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia – empresa que fazia parte do consórcio –, disse que a Quip repassou R$ 2,4 milhões de forma não oficial para a campanha do poderoso chefão da ORCRIM petista e ex-presidente Lula, em 2006. A procuradora federal Jerusa Viecili afirma que chama a atenção "a ousadia da empresa investigada, traduzida pela atuação profissional e sofisticada no pagamento de propinas em contratos públicos durante longo período de tempo, mediante a utilização de expedientes complexos de lavagem de dinheiro, inclusive no Exterior". Os dois executivos presos preventivamente "comandavam, determinavam e executavam o pagamento de propina e atos de lavagem de dinheiro", de acordo com a delegada Renata da Silva Rodrigues. Ainda segundo a Promotoria, a ação desta terça-feira busca colher provas adicionais de suposta obstrução à CPI da Petrobras, em 2009. Em proposta de delação premiada, o ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE) disse que Ildefonso Colares pagou, em 2009, R$ 9 milhões ao atual governador em exercício do Rio de Janeiro, Francisco Dornelles (PP), para silenciar a CPI da Petrobras. O ex-deputado teria dito que o trato foi confirmado por Moraes Filho durante conversa com o doleiro Alberto Youssef, também delator na Lava Jato. Ainda segundo o delator, Colares e Moraes relataram que haviam entregue R$ 10 milhões ao senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), morto em 2014. Esse dinheiro também teria saído da cota de R$ 37 milhões destinados ao PP por determinação do então diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e teria sido entregue por Fernando Baiano, ambos delatores na Lava Jato. Na ocasião, Dornelles disse que "não comenta declarações absurdas e ridículas feitas no âmbito de delação premiada". Nesta terça-feira o procurador federal Carlos Fernando dos Santos Lima disse que a Queiroz Galvão "representa todos os pecados, todas as espécies de crimes que verificamos na Lava Jato". Segundo ele, há indícios de que executivos da empreiteira realizaram pagamentos de propina por meio de contratos de fachada, transferências no Exterior, doações oficiais e caixa dois, além de tentar impedir investigações da CPI da Petrobras, em 2009. A Resta Um é a primeira fase da Lava Jato após recesso de quase um mês. A penúltima fase da operação (32ª) foi deflagrada no dia 7 de julho para investigar bancos e instituições financeiras operados de forma clandestina no Brasil para lavagem de dinheiro. A Queiroz Galvão tem o terceiro maior volume de contratos celebrados com a Petrobras, alcançando um total superior a R$ 20 bilhões. O nome da operação, Resta Um, é uma referência à investigação da última das maiores empresas identificadas como parte integrante do cartel das empreiteiras. "Não remete a um possível encerramento das investigações da Operação Lava Jato", informou a Procuradoria.
VEJA OS MANDADOS POR ESTADO
Goiás - 2 de busca e 2 de condução coercitiva em Goiânia
Minas Gerais - 2 de busca e 2 de condução coercitiva em Belo Horizonte; 1 de busca em Santa Rosa da Serra
Pernambuco - 1 de busca e 1 de condução coercitiva em Recife
Rio Grande do Sul - 2 de busca em Rio Grande
São Paulo - 2 de busca em São Paulo; 1 de busca em Barueri
Rio de Janeiro - 11 de busca, 2 de prisão preventiva, 1 de prisão temporária e 1 de condução coercitiva no Rio de Janeiro; 1 de busca em Angra dos Reis

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