segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Engevix e Queiroz Galvão têm dificuldades para vender ativos


As empreiteiras Engevix e Queiroz Galvão têm enfrentado dificuldades na busca por compradores para seus ativos no setor de energia, segundo três pessoas próximas às negociações e um documento oficial, em meio a investigações sobre as empresas e um cenário político ainda turbulento no País. Com investimentos bilionários no setor, as empresas colocaram ativos à venda após serem envolvidas em investigações da Operação Lava Jato, que apura casos de propina em estatais, empresas privadas e partidos políticos. Segundo um documento do Ministério de Minas e Energia, a Engevix enfrenta "grandes dificuldades financeiras" e tem tentado "sem sucesso" vender a hidrelétrica de São Roque, atualmente em construção em Santa Catarina. No documento, o ministério aponta que atualmente não há previsão de conclusão da usina de cerca de 140 megawatts, que foi licitada em 2011 e precisaria ter entrado em operação neste ano. As obras foram paralisadas em meio à crise financeira da Engevix. Duas fontes que participam das negociações disseram que tem havido pouco avanço na tentativa de encontrar comprador para a usina. Já a Queiroz Galvão também tem enfrentado dificuldades para negociar sua subsidiária de energia, que possui parques eólicos, hidrelétricas de médio e pequeno porte e usinas a biomassa. A Queiroz Galvão estima que seus ativos de energia receberam aportes de R$ 4 bilhões, enquanto a hidrelétrica de São Roque, da Engevix, é orçada em cerca de R$ 700 milhões pela companhia. 


Em junho de 2015 já havia o interesse da companhia em buscar um "sócio estratégico" para os ativos em energia. As chinesas State Grid e Three Gorges estão entre os interessados, assim como a canadense Brookfield. Do lado dos chineses, há interesse, mas também cautela diante do ambiente político do Brasil. "Eles acreditam que não têm porque não esperar mais... dar uma segurada porque pode acontecer alguma coisa no cenário político e impactar em dólar, em preço", afirmou uma das pessoas. Há também, ao menos por parte dos canadenses, uma tentativa de barganhar o preço dos ativos, dada a presença da Queiroz Galvão entre as empresas investigadas na Lava Jato, que poderia levantar riscos de problemas futuros para um eventual comprador. Em agosto, a Queiroz Galvão se tornou o alvo principal de uma nova fase da Operação Lava Jato, com profissionais envolvidos nas acusações lançando graves acusações de crimes contra a companhia. De acordo com a primeira fonte, os riscos de compliance associados ao envolvimento da Queiroz Galvão na Lava Jato preocupam os interessados e estão no radar, mas não devem impedir um negócio.

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