quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Ditadura da Venezuela repudia "direita extremista" de Brasil, Argentina e Paraguai

O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela divulgou na noite de segunda-feira (1º) um comunicado em que denuncia "as artimanhas da direita extremista do sul do continente" para impedir que o país assuma o comando rotativo do Mercosul — bloco que passa por uma de suas maiores crises. A nota foi publicada após o chanceler brasileiro, José Serra, enviar uma carta a seus pares do grupo na qual diz considerar vaga a presidência do Mercosul "uma vez que não houve decisão consensual a respeito". Na última sexta-feira (29), o Uruguai informou que havia finalizado seu período à frente do grupo e que não via argumentos jurídicos para não transferir o comando à Venezuela.
Antes mesmo do anúncio uruguaio, a chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, já havia dito que seu país assumiria o bloco e que a decisão era inadiável. O Paraguai informou, então, que não aceitava que o governo de Nicolás Maduro liderasse. A Argentina, por sua vez, adotou uma postura mais diplomática e afirmou que nenhum país — não apenas a Venezuela — poderia ficar à frente do Mercosul sem uma transferência oficial da Presidência. No documento publicado na noite de segunda-feira, a Venezuela reforça já estar no comando e rejeita a "tese" dos outros países-membros, "sem suporte legal", de que a Presidência está vaga. O governo de Maduro chama ainda Brasil, Argentina e Paraguai de nova Tríplice Aliança, em uma referência à união entre Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai na guerra do século 19. "Essa Tríplice Aliança pretende reeditar uma espécie de Operação Condor contra a Venezuela, persegue e criminaliza seu modelo de desenvolvimento e democracia, em uma agressão que não hesita em destruir as instituições e a legalidade do Mercosul". Na nota, o governo venezuelano ainda "alerta" à população dos países-membros em relação às "mentiras dos inimigos da integração". O conflito entre os países se arrasta há alguns meses. Pela regra, a Presidência é transmitida a cada seis meses em ordem alfabética. Por isso, em julho, o Uruguai deveria ter passado a liderança à Venezuela. Com exceção do Uruguai, os membros são contra Maduro por considerarem que seu governo viola direitos humanos ao manter opositores presos.

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