segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Delator premiado J. Hawilla põe à venda os direitos de transmissão da Copa do Brasil


Colaborador da Justiça dos Estados Unidos (delator premiado) na investigação sobre corrupção no futebol internacional desde o fim de 2013, José Hawilla, dono do Grupo Traffic, colocou à venda o contrato que tem com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) envolvendo os direitos de transmissão da Copa do Brasil. Ao lado da empresa de Kleber Leite, ex-presidente do Flamengo, a Traffic detém os direitos de comercialização da transmissão da competição para países estrangeiros, além de explorar a publicidade com o torneio, em placas e outras propriedades. O contrato, que vai até 2022, foi alvo de investigações do FBI. Atualmente, Hawilla vive em liberdade nos Estados Unidos, mas, pelo acordo que fez com a Justiça americana, não pode deixar o país. Ao confessar extorsão, fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça, ele concordou em devolver cerca de US$ 151 milhões (R$ 485 milhões no câmbio atual) — já pagou parte do valor e tenta arrecadar dinheiro para quitar o restante. Seus depoimentos foram essenciais para que viesse à tona o maior escândalo da história do futebol, que ficou conhecido como Fifagate. No meio do futebol, seus parceiros de negócios, ou antigos parceiros, afirmam categoricamente: Hawilla está vendendo tudo que tem relacionado ao esporte. O empresário paulista já se desfez dos contratos que tinha da Libertadores e da Copa Sul-Americana. Por enquanto, mantém os ativos que tem em porcentagem de direitos econômicos de jogadores e em diretos da Copa América, que não são negociáveis no momento. A principal interessada na aquisição dos contratos relacionados à Copa do Brasil é a MP & Silva, uma das maiores empresas de marketing esportivo do mundo. Ela tenta se firmar na América do Sul e carrega como proposta organizar uma espécie de Liga dos Campeões das Américas, o que ainda está longe de sair do papel. A negociação atual chega a US$ 35 milhões (R$ 112,5 milhões). Não necessariamente todo o dinheiro será transferido para a Justiça americana, mas é provável que parte do valor seja utilizado para ajudar a quitar a dívida de Hawilla com as autoridades dos Estados Unidos. As investigações do Departamento de Justiça dos EUA sobre a corrupção no futebol mundial indicam que José Maria Marin, ex-presidente da CBF, dividiu propinas recebidas pela exploração dos direitos comerciais da Copa do Brasil (torneio disputado desde 1989 pelos principais clubes do país) com Ricardo Teixeira (também ex-presidente da confederação) e Marco Polo Del Nero (atual presidente da CBF). A peça acusatória afirma que, desde 2012, o valor da propina seria de R$ 2 milhões por ano até 2022, dividida entre os três cartolas. O custo do suborno seria arcado em partes iguais pela Traffic e a Klefer, do ex-presidente do Flamengo, Kleber Leite, empresa que passou a compartilhar os direitos da Copa do Brasil.

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