sexta-feira, 1 de julho de 2016

Procuradoria Geral da República diz que operador Lucio Funaro ameaçou atear fogo na casa de delator


Dois delatores da Operação Lava Jato afirmaram terem sido ameaçados pelo operador Lúcio Bolonha Funaro, preso pela Polícia Federal nesta sexta-feira (1º). Um deles afirmou que Funaro prometeu atear fogo em sua casa, com seus filhos dentro do imóvel. As informações constam nos depoimentos prestados pelo ex-diretor da Hypermarcas Nelson José de Melo e pelo ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal, Fabio Cleto, aos procuradores que integram o grupo de trabalho da Lava Jato. Os relatos sustentaram o pedido de prisão feito pelo Procurador Geral da República, Rodrigo Janot contra Funaro, apontado como operador do deputado federal afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Tanto Cleto quanto Melo admitiram ter participado de negócios ilícitos, envolvendo pagamento de propina, com Funaro. Cleto chegou ao alto escalão da Caixa Econômica Federal por indicação de Eduardo Cunha e do operador. Segundo ele, em contrapartida, tinha de passar informações privilegiadas ao parlamentar referentes às empresas que pleiteavam recursos do FI-FGTS, fundo de investimentos ligado ao banco estatal. De acordo com Eduardo Cleto, Cunha extorquia essas empresas e partilhava a propina com ele e Funaro. Numa dessas divisões, em 2012, o então vice da Caixa se desentendeu com o suposto operador de Eduardo Cunha. "Funaro ameaçou colocar fogo na casa do depoente, com os filhos dentro", relata a Procuradoria Geral da República no despacho em que pede e detenção do operador. Nelson Melo, que contou ter desembolsado suborno a Funaro, disse aos procuradores que ele continuava o procurando para exigir mais dinheiro até março deste ano, mês em que a Lava Jato já havia completado dois anos. Melo acrescentou que Funaro assumia um comportamento ameaçador e chegou a descobrir um endereço e um telefone que ele jamais havia dado ao operador. "Também chama a atenção a agressividade de Funaro no trato com o colaborador (Nelson Melo), manifestada por termos como 'você não sabe com quem está se metendo' e 'está querendo me foder?', exemplifica a Procuradoria Geral da República, com base dos depoimentos do próprio Melo. Esses não foram os primeiros relatos de investigados na Lava Jato sobre supostas ameaças de morte por parte de Funaro. Milton Schain, dono do grupo empresarial que leva seu sobrenome, já havia denunciado intimidações semelhantes do operador. No documento em que justifica o pedido de detenção, a Procuradoria Geral da República revela indícios de uma ligação entre Funaro e o ex-senador Delcídio do Amaral. Buscas realizadas pela Polícia Federal no gabinete do ex-parlamentar, em uma outra etapa da Lava Jato, identificaram anotações do nome do operador preso nesta sexta, ao lado de valores. Em um dos manuscritos, está lá: 'Eleição-2012'[...]: R$ 500.000,00 seguido do nome 'Lúcio Funaro", afirma a Procuradoria Geral da República. Outro papel contém o nome do operador escrito antes de R$ 100 mil. Para os investigadores, tratam-se de "fortes evidências de que a relação de Funaro não se limita ao deputado Eduardo Cunha, mas se espraia para diversos integrantes de organização criminosa". "Como se nota, além da intima relação com Eduardo Cunha, as recentes medidas revelaram que Funaro também possui relação (pelo menos) com o (ex)senador Delcídio do Amaral, preso recentemente por tentar embaraçar a investigação", argumentam os procuradores. A Polícia Federal também encontrou anotações referentes a outros investigados na Lava Jato, como o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e o empreiteiro Ricardo Pessoa, além da empresa Engevix. 

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