sábado, 2 de julho de 2016

Elie Wiesel, sobrevivente do Holocausto e Prêmio Nobel, morre aos 87 anos


O prêmio Nobel da Paz e sobrevivente do Holocausto, Elie Wiesel, morreu neste sábado, aos 87 anos, em sua casa, em Nova York. Wiesel nasceu na Romênia e sobreviveu ao campo de extermínio nazista de Auschwitz. Autor de quase 50 livros, quatro sobre o Holocausto, ele defendia a memória do período nazista por meio da educação. O romeno dedicou sua vida à defesa dos direitos humanos e à luta contra a opressão no mundo, o que lhe valeu o Nobel da Paz, em 1986. Nascido em uma família ultra-ortodoxa judaica, perdeu nos campos nazistas a irmã mais nova e os pais. Ele e duas irmãs mais velhas sobreviveram e, uma vez libertados, foram a Paris estudar na Universidade de Sorbone. Depois de formado, atuou algum tempo como jornalista. "O Estado de Israel e o povo judeu estão de luto pela morte de Elie Wiesel", declarou o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, em um comunicado. "Na escuridão do Holocausto, no qual seis milhões dos nossos irmãos e irmãs faleceram, Elie Wiesel foi um farol luminoso e um exemplo de humanidade que acreditava no bem dos homens", afirmou. O presidente de Israel, Reuven Rivlin, disse que Wiesel era "um herói para o povo judeu e um gigante para toda a humanidade". Nascido em 30 de setembro de 1928 em Sighetu, na Romênia atual, Transilvânia na época, Wiesel foi deportado para o campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, na Polônia, quando tinha 15 anos. Ali, perdeu sua mãe e sua irmã. Seu pai morreu diante de seus olhos no campo de Buchenwald, para o qual foram transferidos. Após sair do campo de concentração, foi acolhido em 1945 na França por uma organização beneficente e conseguiu reencontrar duas irmãs sobreviventes. Após cursar filosofia na Universidade de Sorbonne, dedicou-se às letras, tornando-se jornalista e um renomado escritor. Sua obra mais conhecida são suas memórias, publicadas com o título "A Noite", nas quais ele conta sua experiência nos campos de concentração nazistas. O livro, originalmente escrito em iídiche, tinha como título nas primeiras edições "E o mundo calava" - eterno fantasma que perseguia Wiesel. Em 1986, ele ganhou o prêmio Nobel da Paz por ter dedicado sua vida a dar testemunho do genocídio cometido pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial. Durante toda a sua vida, Wiesel trabalhou para cumprir a promessa que fez ao fim da guerra de ajudar os perseguidos em qualquer parte do mundo. Este compromisso o fez colocar-se a serviço de causas diversas, do genocídio armênio aos crimes em Darfur. Em sua luta contra o esquecimento e para facilitar a compreensão entre os povos, Wiesel criou, junto com a mulher, a fundação que leva seu nome e a Academia Universal das Culturas. "Sempre, onde houver um ser humano perseguido, eu não vou permanecer em silêncio", prometeu Wiesel, a quem o comitê que concede o Nobel qualificou de "um mensageiro da humanidade". Naturalizado americano em 1963, Wiesel voltou a Auschwitz em 2006, ao lado da apresentadora de TV Oprah Winfrey. Também visitou o campo de Buchenwald com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e a chanceler alemã, Angela Merkel. Por seu trabalho à frente do Comitê pela Memória do Holocausto, recebeu a medalha de ouro do Congresso americano e na França foi reconhecido com a Grã-cruz da Legião de Honra.

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