sexta-feira, 1 de julho de 2016

Delator disse que recebeu R$ 680 mil de propina de dono do grupo da JBS

O ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal, Fábio Cleto, afirmou em sua delação premiada que recebeu R$ 680 mil de propina da empresa Eldorado Brasil Celulose, do grupo J&F, controlador da JBS. Cleto ainda apontou diretamente o dono do grupo, Joesley Batista, como responsável pelos pagamentos de propina. As informações foram usadas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para pedir ao Supremo Tribunal Federal buscas em endereços ligados à Eldorado e também a prisão preventiva do corretor de valores Lúcio Bolonha Funaro, operação realizada nesta sexta-feira (1º). A Eldorado se beneficiou de um aporte de R$ 940 milhões do fundo de investimentos do FGTS, liberado mediante o pagamento de propina a Cleto, Funaro e ao deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Cleto fazia parte do conselho do FI-FGTS, tendo atuado pela liberação do montante. "Aprovada a operação, Fábio Cleto foi comunicado por Eduardo Cunha que receberia um valor de R$ 680 mil a título de propina", afirmou Janot no pedido de buscas. Segundo Cleto, ele também ajudou na flexibilização de regras do contrato firmado com a Eldorado, o que não é comum ocorrer nos investimentos do FI-FGTS. Além do pagamento de R$ 680 mil, Cleto contou aos investigadores em sua delação premiada que Funaro prometeu-lhe pagar mais R$ 1 milhão devido à reestruturação da operação que permitiu a Eldorado não cumprir determinada previsão contratual. Embora "prometido e aceito", o montante "nunca foi pago" por Funaro, disse Cleto. Janot aponta ainda que Funaro tinha relação próxima com Joesley Batista e inclusive fizeram uma viagem juntos, com a participação de Cleto, para o Caribe. A Procuradoria Geral da República aponta que, pelos indícios colhidos, Joesley pode ter feito os pagamentos de propina sem o conhecimento dos demais sócios da J&F. "Se há relação entre Lúcio Bolonha Funaro e Joesley Batista, ultrapassa o aspecto 'profissional', é possível que haja elementos de convicção na residência de Joesley. Reforça essa possibilidade o fato de que apenas um dos três sócios da J&F, o Joesley, ter sido apontado como participante das tratativas de pagamento da propina pelo colaborador", escreveu Janot.

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