terça-feira, 12 de julho de 2016

Candidato da terceira via nos Estados Unidos já aparece com 11% das preferências

Gary Johnson posou sem camisa (tinha 58 anos), na bicicleta (é triatleta), para reportagem de 2011 da revista "GQ" intitulada: "Será este o homem mais são da campanha presidencial?" Com promessas de legalizar todas as drogas e extinguir a Receita Federal, o ex-governador do Novo México disputava as prévias republicanas para ser candidato à Casa Branca. Barrado, mudou-se para o Partido Libertário e, em 2012, teve 1,2 milhões (1%) dos votos como terceira via.
 

Em 2016, Johnson volta ao páreo com outro ex-governador republicano como vice (Bill Weld, de Massachusetts) e números mais favoráveis. A comunista democrata Hillary Clinton tem 45% da preferência popular, e o republicano Donald Trump 36%, em sondagem do Centro de Pesquisa Pew. Johnson aparece com 11% e, dada a rejeição recorde de Hillary (55%) e Trump (60%) entre o eleitorado, adotou um slogan que apela à saúde mental dos compatriotas. "Precisamos fazer a América sã de novo", diz o libertário, que, se quiser ser ouvido na esfera nacional, precisa chegar a 15% nas pesquisas para participar dos três debates já agendados entre os dois maiores adversários, segundo as regras eleitorais. Um trunfo ele tem: é provável que seja o único de fora da tradicional rixa bipartidária a aparecer como opção nas urnas do país inteiro. Cada um dos 50 Estados americanos possui regras específicas para inscrever um nome. Johnson garantiu espaço em 33 deles e fechará o restante no prazo, garante a diretora política do partido, Carla Howell (especialistas dizem que há estrutura para tanto). A terceira via reclama de um ciclo vicioso no qual a imprensa não lhe dá cobertura porque seus candidatos são nanicos, e eles não conseguem crescer sem mídia. Pois Johnson foi notícia ao ser oficializado em maio como presidenciável libertário, numa convenção em Orlando na qual rivalizou com John McAfee, programador de antivírus, professor de ioga e ex-fugitivo internacional por suspeita de assassinato. Johnson também é lembrado por, em 2014, ter virado presidente de uma empresa de produtos feitos com maconha, a Cannabis Sativa Inc. (já saiu do posto). Diz ter fumado (e tragado) a erva, embora agora só a consuma em outras formas (gosta da balinha Chebba Chews). A defesa da legalização fez sua popularidade despencar mais de 30 pontos no Novo México, que governou de 1995 a 2003 – no fim, saiu em alta após extinguir um deficit estadual bilionário, cultivando a fama de xerife fiscal. Uma das premissas libertárias é a de que nenhum governo deve se sobrepor a qualquer liberdade individual, e isso inclui o direito de se drogar, abortar, carregar uma arma e casar com alguém do mesmo sexo. Johnson ainda era governador quando quebrou seis costelas ao voar de parapente no Havaí (já tinha escalado o Everest semanas após fraturar a perna esquiando). Sua grande superação, agora, é enfrentar o histórico bipartidarismo. Mesmo os 11% que ele tem podem não se materializar em votos. O voto é guiado mais pelo medo do que pela lealdade – contentar-se com o "mal menor" para que alguém ainda mais odiado não vença, diz Steven Webster, em estudo da Universidade Emory sobre comportamento eleitoral. Johnson não tem dinheiro para bancar uma campanha nacional, diz Webster, e a diretora política dos libertários confirma que o orçamento prevê "algumas dezenas de milhões", enquanto Hillary e Trump discutem cifras bilionárias.

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