terça-feira, 7 de junho de 2016

Pimentel recebeu R$ 14,5 milhões de propina da Odebrecht e OAS, diz Bené


Em acordo de delação premiada, o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, afirmou aos investigadores da Operação Acrônimo que as empreiteiras Odebrecht e OAS pagaram 14,5 milhões de reais em propina ao governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT). Bené disse que as tratativas com a Odebrecht começaram em maio de 2013, quando a empresa indicou que estaria disposta a financiar a campanha do petista ao governo mineiro no ano seguinte. De acordo com o delator, Pimentel pediu que o acerto ficasse entre 20 milhões de reais e 25 milhões de reais, diante das demandas da empreiteira no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A Odebrecht, porém, só autorizou o repasse de 12 milhões de reais. O pagamento de 11,5 milhões de reais foi feito em espécie em hotéis de São Paulo, entre junho de 2013 e junho de 2014. Para efetuar o pagamento, era acertado o uso de senhas com nomes de árvores e plantas. O então presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, precisava dar o aval ao interlocutor da empreiteira, de acordo com o depoimento de Bené. O delator foi avisado de que a OAS iria participar do financiamento da campanha de Pimentel no início de 2013. A questão foi tratada com o próprio governador, segundo o empresário, que explicou que a medida seria contrapartida por ter intermediado um interesse da empreiteira na construção de um gasoduto no Uruguai. Informado de que a empreiteira queria pagar 3 milhões de reais, Pimentel pediu que o repasse chegasse a 5 milhões de reais - proposta que não foi aceita pela OAS, que manteve o valor inicial. Bené disse que participou da definição do cronograma de pagamento dos valores, que seria feito em seis datas e que outros interlocutores assumiram as negociações. Bené também afirmou que Pimentel "participou e o incumbiu de arrecadar contribuições para o caixa dois da campanha ao governo" e "tinha ciência de que os valores arrecadados e as despesas da campanha eleitoral de 2014 foram globalmente subfaturados na prestação de contas" da Justiça Eleitoral. A campanha de Pimentel declarou que arrecadou 53,4 milhões de reais e gastou 52,1 milhões de reais. Bené estima as despesas em 80 milhões de reais. A delação de Bené foi homologada pelo Superior Tribunal de Justiça. Pimentel já é réu na corte por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro.

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