segunda-feira, 6 de junho de 2016

Janot inclui depoimento de ex-diretor de Furnas em inquérito contra Aécio Neves

Em depoimento à Polícia Federal em 2006, o ex-diretor de Planejamento, Engenharia e Construção de Furnas Dimas Toledo admitiu que o senador e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, "costumava" procurá-lo na estatal para "assuntos envolvendo municípios onde (Aécio) tinha base eleitoral". O depoimento de Dimas Toledo foi anexado ao pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encaminhado na semana passada ao Supremo Tribunal Federal no qual ele considera "imperioso" retomar as investigações contra o tucano por suspeita de recebimento de propinas na estatal elétrica. O depoimento foi tomado em uma investigação iniciada na época, após as denúncias do delator do mensalão e ex-deputado Roberto Jefferson de que haveria também um esquema de corrupção em Furnas envolvendo Toledo para abastecer partidos políticos, sobretudo o PSDB. O caso deu origem a uma denúncia em 2012 do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, que foi deslocada para a Justiça estadual por decisão da Justiça Federal. Dimas Toledo também foi apontado por delatores da Lava Jato como indicado de Aécio para operacionalizar um suposto esquema de corrupção na estatal nos moldes que vieram a ser implementados na Petrobras. Ele ocupou cargo de direção em Furnas entre 1995 e 2005. No depoimento, Toledo disse que era amigo do pai de Aécio, chamado Aécio Cunha e que era conselheiro de Furnas. Além dos encontros com Aécio e a amizade com o pai do tucano, Toledo também admitiu em 2006 que sua filha trabalhava para a Bauruense, empresa que prestava serviços para Furnas e está na mira da Procuradoria-Geral da República - ao menos dois delatores da Lava Jato afirmaram que houve pagamento de propinas nos contratos de terceirização de mão de obra da estatal com a Bauruense. Atualmente, segundo explicou a defesa de Toledo, a filha dele é servidora concursada de Furnas, tendo ingressado na companhia "por vias regulares, sem quaisquer gestões de terceiros ou de seu próprio pai, jamais sendo subordinada à Diretoria de Planejamento, Engenharia e Construção". As suspeitas envolvendo a estatal de energia e o tucano deram origem a um inquérito da Procuradoria-Geral da República contra o senador mineiro. Para o procurador-geral Rodrigo Janot, as suspeitas trazidas tanto por Jefferson quanto pelos delatores da Lava Jato tornam "imperioso" investigar o tucano. O caso está sob a relatoria do ministro Gilmar Mendes, que inicialmente havia acatado um recurso da defesa de Aécio e determinado a suspensão do inquérito para que Janot avaliasse os argumentos do tucano. Janot, contudo, manifestou-se novamente pela necessidade da continuidade da investigação, o que foi acatado por Mendes. 

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