domingo, 12 de junho de 2016

EBC virou "cabide de emprego" e símbolo de aparelhamento político, diz ministro


O ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, disse que sua proposta de extinção da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) está ganhando adeptos dentro do governo e que discutiu a proposta com o presidente interino, Michel Temer. Geddel disse a EBC se transformou num "cabide de emprego" e "foco de militância". O projeto dos governos petistas de Lula e Dilma de transformar a EBC em uma instituição pública de comunicação consumiu mais de R$ 3,6 bilhões de recursos diretos do Orçamento do governo federal nos últimos oito anos, conforme levantamento feito pela assessoria técnica do DEM. Geddel disse que o governo não precisa de uma empresa para "autopromoção" e que basta o presidente ter uma estrutura para os registros históricos, por exemplo. Para ele, só deve existir uma estrutura para dar informação e não fazer autopromoção. Desde que assumiu, Temer identificou na EBC foco de resistência, tanto que nomeou o jornalista Laerte Rímoli para comandar a empresa e teve que recuar, depois que a nomeação foi contestada no Supremo Tribunal Federal. Uma liminar do ministro Dias Toffoli restituiu a direção da EBC ao jornalista Ricardo Melo, que havia sido nomeado na gestão da presidente Dilma, antes do afastamento do cargo no processo de impeachment. "Essa é uma visão pessoal e não de governo. Mas fico feliz que outros estejam concordando. A EBC é um símbolo de um governo ineficiente, do aparelhamento da gestão, de autopromoção. Não pode ser canal de autopromoção. O que for informativo e não autopromocional, se mantém. Para fazer propaganda, temos contratos com agências para fazer publicidade, que é outra coisa. Acabar com isso é um imperativo para que o novo governo se diferencie. Falei minha opinião ao presidente, que ouviu", disse Geddel. O ministro disse que pode se discutir alternativas, talvez uma estrutura enxuta com equipes para registrarem os atos do presidente, acompanhá-los nas viagens. Hoje, a estrutura de comunicação tem a NBr, que é a TV do governo, que transmite todas as cerimônias do governo, por exemplo. A TV está dentro da EBC, que funciona como uma agência de notícias oficial. Para o ministro, poderiam ser feitos vínculos com as TVs Educativas, repassar inclusive os equipamentos modernos e aproveitar todos os concursados. "E demitir os cargos de confiança", disse ele. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que Temer determinou a realização de um levantamento sobre o custo real do aparato da Empresa Brasil de Comunicação e defendeu mudanças na EBC. Na prática, Temer já decidiu que haverá mudanças, mas a radicalidade disso é que está em questão: se uma reformulação principalmente da linha, com nova direção, ou a simples extinção da EBC e a criação de uma nova estrutura. Padilha disse que há, sim, gastos "supérfluos". A EBC está sob o guarda-chuva da Casa Civil. Uma das propostas seria a extinção da TV Brasil, na qual os programas seriam mais caros e "ideologizados" e retomar um modelo mais formal de comunicação, nos moldes da antiga Radiobras. "Já falei com o presidente Michel sobre isso e ele determinou que se faça um estudo real dos gastos. O governo não tem interesse em concorrer com a mídia privada. Alí, é um gasto absolutamente supérfluo. E, num momento em que estamos numa fase de fazer mais com menos, as coisas supérfluas. Isso servia muito bem a quem queria ideologizar as ações do governo, queria a construção de uma franquia ideológica a partir dessa comunicação. Não é o nosso caso. Poderemos redimensioná-la. Não vamos extinguir a área de comunicação de governo. É inadmissível a ideologização da comunicação de governo. Mas a comunicação de governo é indispensável", disse Padilha. A gestão petista ficou marcada por ter contratado profissionais, em cargos de confiança, por altos salários. Em 2015, os gastos chegaram a R$ 547,6 milhões em 2015. O número de funcionários da empresa saltou de 1.629 em 2007 para 2.615 em abril deste ano — um aumento de 60,5%. 

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