segunda-feira, 13 de junho de 2016

Dirceu e Vaccari começam a fraquejar. O PT treme na cúpula!

Um fala em “acordo de leniência partidário”; outro, em delação premiada. Os chefões do PT têm com o que se preocupar

Por Reinaldo Azevedo - Huuummm… Parece que José Dirceu e João Vaccari Neto não estão mais dispostos a matar a bola no peito… Explica-se: nos dois casos, isso pode significar passar praticamente o resto da vida na cadeia. O que fazer, então? A VEJA desta semana informa que Vaccari estaria pensando, sim, em fazer delação premiada. Pois é… Se isso acontecer, devasta o PT. Por outro lado, petistas que andaram falando com o homem dão a entender que ele poderia optar, assim, por um troço controlado, que atingiria também o atual governo. De que modo? Comprometendo a chapa que elegeu Dilma-Temer com recursos ilegais. Pois é… Os petistas até podem sonhar com isso, mas não parece que possa dar certo. A que me refiro? Uma delação só pode ser premiada se o sujeito contar o que sabe, não o que interessa a seu grupo político, não é mesmo? Ou será que o Ministério Público Federal permitiria que Vaccari, mesmo na cadeia, depois de todos os crimes que cometeu, continuasse a ser um operador político, selecionando os alvos que interessa a seu grupo? Ou por outra: é razoável supor que ele pudesse escolher quem manda e quem não manda para a guilhotina? Ora, isso não seria delação premiada, mas tramóia política. Mas por que não conta tudo de vez? Consta que teme por sua vida. Acha que seria assassinado.
Dirceu
Mais engenhosa é uma ideia que vem do planeta José Dirceu — e creio que verdadeira porque Roberto Podval, seu advogado, em conversa com a Folha, deixa claro que algo semelhante está em cogitação. Em que consistira? Uma espécie de acordo de leniência partidário. O PT e os demais partidos que cometeram lambanças assumiriam as suas culpas, e isso resultaria em benefícios também para os que estão presos. Engenhoso, sim, mas não vejo como possa dar certo. Nada impede, claro, que um partido admita seus crimes. Mas como isso poderia beneficiar seus representantes? Não há lei para tanto. Mais: ficaria difícil não entender que todos estariam se unindo numa espécie de “encontro de versões” — ou, para fazer uma graça, numa espécie de delação cartelizada. Parece-me que as duas notícias dão conta de que Dirceu e Vaccari podem estar começando a ficar cansados e estão enviando recados à cúpula partidária. VEJA informa que Vaccari se sente abandonado pelo partido e por seus dirigentes. No caso de Dirceu, já não se trata de questão subjetiva: foi abandonado mesmo. Petistas de alto coturno sugerem que ele se enroscou porque atuou em seu próprio benefício, não do partido. Gilberto Carvalho já deu a entender isso em entrevista. Por outro lado, é evidente que ninguém, como o Zé, guarda os arcanos da legenda. Uma coisa é o homem se imaginar dotado da têmpera dos heróis, puxando uma cana brava e sabendo que há uma longa trajetória pela frente. Outra, distinta, é estar com 70 anos, condenado a mais de 23 de prisão. Acredito que, nesse caso, todos os absolutos começam a se tornar relativos. A proposta de um acordo de leniência partidário parece soar como um convite para que a cúpula do PT se mexa. Dirceu e Vaccari não são bobos. Sentiram o cheiro que emana do partido. Lula já botou a tropa para lutar por 2018, não quer nem ouvir falar em novas eleições, sabe que Dilma não volta (e reza para não voltar) e precisa se livrar do peso dos que caíram em desgraça. Certamente não é essa a velhice que Vaccari e Dirceu programaram para si mesmos. Os dois começaram a fraquejar. O PT treme na cúpula.

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