segunda-feira, 13 de junho de 2016

Collor é investigado por suspeitas de propina em prédio da BR Distribuidora


O senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL) passou a ser investigado em inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal em uma nova frente do esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato. Desta vez, as suspeitas são de que o senador praticou o crime de corrupção passiva ao supostamente cobrar propina na construção de um prédio da BR Distribuidora, em Salvador, em 2013. O inquérito, autorizado pelo STF em 13 de maio, é o sexto contra o ex-presidente na Lava Jato. A nova ofensiva contra Collor foi aberta depois que o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, detalhou o esquema no acordo de delação premiada que fechou com o Ministério Público Federal. Segundo o delator, quando ele era diretor financeiro da BR Distribuidora, ficou acertado que seria construído um novo escritório para a empresa e, na transação, Cerveró e o então diretor Vilson Reichebach "receberiam, a título de propina, um andar nos novos blocos a serem construídos, para divisão entre ambos". Na prática, isso significava 500.000 reais em dinheiro sujo para cada um. No mesmo esquema, o ex-ministro Pedro Paulo Leoni Ramos "cobrou propina em nome de Fernando Collor", parlamentar que controlava o "feudo" da BR Distribuidora. "Pedro Paulo era quem operava para Fernando Collor em questões envolvendo o pagamento de propina na BR", diz trecho da delação premiada de Nestor Cerveró. Ao final, informou o delator, o negócio envolvendo o novo escritório da subsidiária da Petrobras não foi consolidado "por força do desencadeamento da Operação Lava Jato, que levou a OAS (responsável pela obra e uma das integrantes do Clube do Bilhão) a ser suspensa em todo o sistema Petrobras". Delator da Operação Lava Jato, Cerveró já havia afirmado aos investigadores da Lava Jato que o senador Collor disse a ele por volta de setembro de 2013 que a presidente Dilma Rousseff (PT) lhe garantiu que a presidência e as diretorias da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, estavam "à disposição" do parlamentar. Aliado do desgastado governo petista, Collor já foi denunciado na Lava Jato e é suspeito de ter embolsado milhões de reais em propina no esquema do petrolão. Segundo a delação de Cerveró, o ex-ministro do governo Collor e operador financeiro do senador, Pedro Paulo Leoni Ramos, chamou o próprio ex-diretor da Petrobras a Brasília para uma reunião na notória Casa da Dinda e no encontro relatou a suposta garantia dada pela presidente Dilma. Ainda conforme o delator, Collor informou na ocasião que não "tinha interesse em mexer" na presidência da BR nem nas diretorias da subsidiária preenchidas por indicação do PT, como o então presidente José Andrade Lima Neto, o então diretor de Mercado Consumidor Andurte de Barros Duarte Filho e o próprio Cerveró. Neste momento, o delator disse ter sido irônico e agradecido a atitude de Collor.

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