quarta-feira, 8 de junho de 2016

Agora quem manobra é o Conselho de Ética, que não aceita resultado pró-Cunha; STF terá de resgatar a moralidade

Tudo indica que será o tribunal a pôr um fim à pantomima de Cunha, agora que até o Conselho que se quer o moralista da história está a fazer bobagem

Por Reinaldo Azevedo - Convenham: a esculhambação no Conselho de Ética da Câmara, agora, é promovida pelos adversários de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O Conselho cancelou a sessão prevista para esta quarta, que votaria o parecer do relator Marcos Rogério (DEM-RO), pela cassação do mandato do Presidente afastado da Casa. A decisão foi tomada pelo presidente do colegiado, o deputado José Carlos Araújo (PSD-BA). Questionado pela imprensa sobre os motivos que levaram à suspensão dos trabalhos, Araújo admitiu que adiou a votação porque “era clara a vitória” do peemedebista: “É muito importante que termine logo, agora vocês querem o quê? Que termine e que Eduardo Cunha seja absolvido? É isso que vocês querem?” Araújo também não é o portento moral que alardeia, né? Não custa lembrar que ele votou contra o envio da denúncia contra Dilma ao Senado. Vale dizer: achou que ela tinha condições de continuar na Presidência da República. A votação do relatório já havia sido suspensa ontem pelo mesmo motivo. O Conselho de Ética se reúne novamente na próxima terça-feira, dia 14, quando deve, enfim, votar o parecer de Marcos Rogério. Ontem, a deputada Tia Eron (PRB-BA), faltou à sessão. Como seu suplente, Carlos Marun, do PMDB do Mato Grosso do Sul, é pró-Cunha, o presidente do Conselho decidiu encerrar os trabalhos. Caso fosse realizada a votação, Cunha venceria por 11 votos a 9. Vamos ver: Cunha se tornou notório por usar os dispositivos regimentais que tem à mão para tentar se safar. E seus adversários não hesitaram e acusaram “manobra”. O que se tem aí, claramente, é uma manobra, mas agora contra o acusado. Vamos ser claros? A chance de Cunha se livrar na Câmara segue sendo razoável. Parece-me que seu destino pode e deve ser selado pelo Supremo Tribunal Federal. O conjunto da obra é vergonhoso.

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