sábado, 7 de maio de 2016

Morre militar apontado por Dilma como responsável por tortura



Morreu na quinta-feira (5), aos 75 anos, o capitão reformado Homero César Machado, citado em entrevista pela presidente Dilma Rousseff como uma das pessoas que dirigiam as torturas que ela sofreu durante a ditadura (1964-1985). O corpo foi cremado às 10 horas desta sexta-feira (6) na Vila Alpina, em São Paulo. Relatório da Comissão da Verdade aponta Machado como torturador de ao menos quatro militantes durante a ditadura militar. Ele foi dirigente e chefe de interrogatório da Oban (Operação Bandeirante) de 1969 a 1970. Segundo o documento, ele foi responsável por "tortura até a morte e ocultação de cadáver" de Virgílio Gomes da Silva, terrorista da ALN (Ação Libertadora Nacional) preso em São Paulo em 29 de setembro de 1969. Virgílio foi morto horas depois de ser preso, sob tortura, aos 36 anos, na Oban. Ele participara do sequestro do embaixador norte-americano no Brasil, Charles Burke Elbrick, em troca da libertação de presos políticos brasileiros. Machado também foi apontado pela comissão como um dos autores de torturas do frade dominicano Frei Tito (1945-1974), que se suicidou anos mais tarde, em Paris. Em entrevista publicada na Folha em 2005, Dilma relatou como foi torturada durante o tempo em que ficou presa, de janeiro de 1970, quando tinha 22 anos, a 1973. Dilma era militante política –integrou o Colina (Comando de Libertação Nacional) e a VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares). "Levei muita palmatória", disse. Em resposta à pergunta "Quem batia?", respondeu: "O capitão Maurício sempre aparecia. Ele não era interrogador, era da equipe de busca. Dos que dirigiam, o primeiro era o Homero, o segundo era o Albernaz". Dilma se referia aos militares Maurício Lopes Lima, Homero César Machado e Benoni de Arruda Albernaz. A presidente relatou também ter recebido choques nos pés, nas mãos, coxas, orelhas, na cabeça e no bico do seio. 

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