segunda-feira, 23 de maio de 2016

Foragido da Justiça, ex-governador de Roraima tentou fugir para a Venezuela



A Polícia Federal anunciou na manhã desta segunda-feira (23) a prisão de dois policias militares suspeitos de arquitetar a fuga do ex-governador de Roraima, Neudo Campos (PP), da capital de Roraima para a Venezuela. Os dois PMs trabalham no Palácio do Governo e Campos é marido da atual governadora, Suely Campos (PP). Foragido pela quarta vez no ano, Neudo Campos foi condenado a 10 anos e 8 meses de reclusão por envolvimento no chamado "escândalo dos gafanhotos", que desviou R$ 70 milhões em convênios oriundos da União em 2002, quando ele era governador. Segundo a Polícia Feeral, os policiais foram presos em flagrante. "A dupla trabalhava com objetivo de remover o ex-governador, de Boa Vista, para a Venezuela, e foi presa usando armas, rádio da corporação policial e aparato estatal para proteção de um criminoso procurado pela Justiça", disse a Polícia Federal. Outros policiais militares e servidores públicos do Estado podem estar envolvidos na tentativa de fuga. A Polícia Federal diz que está investigando a conduta desses funcionários, inclusive de alto escalão do governo. Os presos foram encaminhados para o CPC (Comando de Policiamento da Capital da Polícia Militar de Roraima). Campos teve mandado de prisão expedido na quinta-feira (19), quando a Polícia Federal fez buscas nas residências da família em Boa Vista e no interior do Estado. Como todas as outras tentativas de prisão, o ex-governador não foi encontrado e seu nome já consta na lista de procurados da Interpol, a pedido do Ministério Público Federal. A Justiça em Roraima pediu também a prisão da mulher do senador Telmário Mota (PTB-RR), Suzete Macedo de Oliveira, e outras cinco pessoas. Ex-deputada estadual, Suzete teve negado um pedido de habeas corpus preventivo pelo Tribunal Regional Federal, o que motivou a determinação de sua prisão pela Justiça Federal. Ela foi condenada a 6 anos e 8 meses de reclusão. Todos foram condenados pelo envolvimento no esquema de desvio de verbas públicas conhecido como "escândalo dos gafanhotos", que consistia no cadastramento de funcionários "fantasmas" na folha de pagamento do Estado, para distribuição dos salários a deputados estaduais e outras autoridades em troca de apoio político. O pedido de prisão feito pela Procuradoria se baseia no novo entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre a possibilidade de cumprimento da pena de prisão após decisão de segunda instância. Desarticulado em 26 de novembro de 2003 em Roraima, o esquema de corrupção, segundo as investigações, consistia na contratação de mais de 6.000 funcionários fantasmas que repassavam seus salários para autoridades ou laranjas. Estima-se o desvio de mais de R$ 230 milhões dos cofres públicos em Roraima. Neudo Campos foi condenado à perda dos direitos políticos durante oito anos, perda de cargos públicos, impossibilidade de contratação pelo poder público, e ao pagamento de multa de R$ 3.300,00 por desvio de dinheiro dos cofres públicos no período de 1995 a 2002. Eleita em 2014, Suely Campos assumiu o governo no ano seguinte e chegou a nomear ao menos 12 parentes. O próprio marido chegou a ser consultor especial, cargo criado especialmente para ele.

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