sábado, 14 de maio de 2016

Delatores dizem que ex-governador Sérgio Cabral cobrava 5% de comissão em obras e recebia 350 mil por mês


O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), foi acusado por dois ex-executivos da empreiteira Andrade Gutierrez de cobrar 5% de propina em grandes obras investigadas pela Lava Jato. O pacote inclui a reforma do Maracanã, a terraplenagem da área do Comperj (Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro), a construção do Arco Metropolitano e a urbanização de favelas em Manguinhos, na zona norte do Rio. As acusações foram feitas por Rogério de Sá e Clóvis Primo em acordos de delação premiada com a Operação Lava Jato. Sá acrescentou que Cabral receberia mesada de R$ 350 mil como "adiantamento" de obras futuras. Cabral divulgou nota em que nega as acusações e "manifesta a sua indignação e o seu repúdio às declarações dos delatores". Ele já era alvo de um inquérito da Lava Jato que corre no Superior Tribunal de Justiça. Os ex-executivos da Andrade Gutierrez afirmaram em seus depoimentos que a reforma do Maracanã para a Copa do Mundo rendeu ao ex-governador R$ 300 mil por mês entre 2010 e 2011. A dupla contou ainda que Sérgio Cabral pediu à empreiteira o pagamento de uma mesada de R$ 350 mil. O período dos depósitos não foi definido. De acordo com os depoimentos, o ex-governador chamava a propina de "adiantamentos". Os delatores disseram que a propina foi negociada no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador do Rio de Janeiro. Segundo eles, Sérgio Cabral pediu 5% por cada obra realizada no Estado do Rio de Janeiro. Além do ex-governador, as delações citam Wilson Carlos, ex-secretário de Governo; Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta; e Carlos Miranda, citado como operador de Sérgio Cabral nas obras do Maracanã. De acordo com os ex-executivos, Sérgio Cabral teria recebido R$ 60 milhões de propina na reforma do estádio que recebeu a final da Copa. O consórcio da obra teria sido definido em 2009, antes mesmo da licitação. O custo foi de R$ 1,2 bilhão. O ex-governador também foi acusado de pedir dinheiro em obras sem participação direta do Estado. Segundo Rogério de Sá, ele pediu 1% pelas obras de terraplanagem do Comperj, em Itaboraí, na região metropolitana do Rio de Janeiro. 

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