terça-feira, 3 de maio de 2016

CCJ da Câmara será comandada por Osmar Serraglio, aliado de Eduardo Cunha


O desenho estratégico de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para escapar da cassação do mandato e continuar à frente da presidência da Câmara foi confirmado nesta terça-feira: por 43 votos a sete, seu aliado Osmar Serraglio (PMDB-PR) foi eleito para comandar a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a maior e mais importante da Casa. Cabe ao colegiado analisar a admissibilidade de todos os projetos e - mais relevante para Eduardo Cunha - todos os recursos, entre eles os apresentados pelo peemedebista para anular os atos do Conselho de Ética, que o investiga no escândalo de corrupção da Petrobras. Serraglio rechaçou estar no posto para salvar seu correligionário. Eduardo Cunha trabalha, desde o início do ano, para ter o comando da Comissão de Constituição e Justiça em suas mãos. Em janeiro, ele lançou o seu braço-direito Hugo Motta (PMDB-PB) na disputa pela liderança do PMDB, que, por ser o maior partido da Casa, tem o direito de escolher os principais colegiados - e a Comissão de Constituição e Justiça sempre é prioridade. Motta foi derrotado por Leonardo Picciani (RJ). Ele anunciou para presidir a comissão o deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), que não demonstrou a intenção de facilitar a vida de seu colega de partido. Em seguida, Eduardo Cunha e seus aliados iniciaram uma ofensiva para emplacar Serraglio na comissão, passando, inclusive, pela ameaça de destituição de Picciani. O nome de Serraglio foi escolhido a dedo: o peemedebista ganhou notoriedade em 2005, ao ocupar a relatoria da CPI dos Correios e, mesmo estando na base do governo, defender a cassação de figurões do PT, como a do ex-ministro e bandido petista mensaleiro José Dirceu. Em seu quinto mandato, o peemedebista tem perfil discreto, bom trânsito e respeito entre os parlamentares - o que, em tese, afastaria as suspeitas de que estaria no posto como uma linha auxiliar de Eduardo Cunha. "Muita coisa se disse sobre a possível condução deste que agora assume. Eu acho que a minha história e a minha biografia exteriorizam o que se possa imaginar como eu irei proceder, tanto no contato com os companheiros quanto às matérias mais tormentosas. Posso dizer que não tenho compromisso nenhum. Fui certamente mal compreendido", discursou Serraglio.

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