segunda-feira, 18 de abril de 2016

Tiririca esteve no hotel de Lula antes de votar a favor do impeachment


"Esse cara esteve comigo hoje. Como ele faz isso? Ele ia votar com a gente". O poderoso chefão e ex-presidente Lula fez um desabafo inconformado ao assistir ao voto do deputado Tiririca (PR-SP), favorável à abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff. "Senhor presidente, pelo meu País, meu voto é sim", afirmou Tiririca durante a sessão de domingo (17). Há quase seis anos como deputado, essa foi a primeira vez que o ex-humorista fez uso do microfone do plenário da Câmara. Sentado em uma das salas de reunião do Palácio da Alvorada, Lula disse à presidente Dilma que havia recebido Tiririca na manhã de domingo, no quarto do luxuoso hotel Royal Tulip em que se hospeda em Brasília. "Ele ia votar com a gente", repetiu Lula. Dilma balançou a cabeça negativamente. Estava consciente das traições. Assessores presidenciais tentavam mapear os "traidores", não apenas entre deputados do PP, mas também PR, PMDB e outras siglas. Somente PT e PCdoB não "traíram" o governo. Concluiu-se ali que "o vento das ruas" não estava com Dilma e o clima no plenário, favorável ao impedimento da petista, influenciava deputados como Tiririca, que foi ovacionado pela oposição após dizer "sim". Outro pepista que esteve no QG anti-impeachment que Lula montou em um hotel de Brasília foi o deputado federal Paulo Maluf (SP). Ele era contrário ao impeachment da presidente, mas mudou de idéia durante a comissão especial da Câmara. O ex-presidente tentou reverter mais uma vez o voto de Maluf, mas não conseguiu. Lula recebeu raros "nãos" em Brasília nos últimos dias. E o desânimo era visível no poderoso chefão durante a votação de domingo. Cabisbaixo, falava pouco e parecia realmente surpreso com alguns votos que, para ele, eram inesperados. Como o do deputado Adail Carneiro (PP-CE), assessor especial do governador Camilo Santana (PT-CE). Carneiro foi exonerado para votar contra o impeachment. Era voto certo mas, em seu discurso, votou "sim" pelo impedimento e pediu "desculpas" à presidente. Camilo estava no Alvorada acompanhando a votação ao lado de Dilma, Lula e aliados. Não sabia explicar o que tinha acontecido. Aliás, esse era o sentimento comum entre as quase vinte pessoas que estavam naquela sala.

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