segunda-feira, 18 de abril de 2016

PT reage a acordo para ter PP na relatoria do impeachment no Senado



A bancada do PT no Senado reagiu nesta segunda-feira (18) a um acordo traçado entre a oposição e setores do PMDB para indicar a senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS) como relatora do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Casa. Para os petistas, a senadora não tem isenção para conduzir o caso porque o PP fechou questão em favor da saída da presidente, inclusive com a ameaça de expulsão dos parlamentares que votarem contra a deposição. "Nesse caso aqui somos juízes. Precisa ser alguém que tenha imparcialidade. E Ana Amélia não pode ser porque não tem imparcialidade. Ela já indicou o voto há muito tempo", disse Lindbergh Farias (RJ) ao fim da reunião. Segundo o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PE), o PT pode até não indicar um correligionário para o posto mas vai fazer questão de participar do processo de escolha. Já o senador Jorge Viana (AC), vice-presidente do Senado, afirmou que tal escolha seria uma "precipitação" da Casa. "Se o Senado se precipitar, como a Câmara fez, um jogo de carta de marcada, aí não tem sentido. Prefiro acreditar que aqui a serenidade vai prevalecer e não haveremos de conviver com atalhos em um processo tão delicado como esse", disse. Os petistas acusam o senador Romero Jucá (RR), presidente do PMDB, de querer "passar o trator em cima de todo mundo". O peemedebista tem sido um dos principais articuladores entre a oposição para compor a comissão especial que será criada para discutir o impeachment. Neste desenho, o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) assumiria a presidência da comissão. "Romero Jucá agora quer mandar em tudo, na República, no Senado. Tem regras", reclamou Lindbergh. No dia seguinte à aprovação da admissibilidade do processo dado pela Câmara dos Deputados, a bancada do PT se reuniu para começar a definir as estratégias para barrar o impeachment no Senado. Parlamentares da base governista admitem que as chances de o governo vencer a primeira votação, justamente a que poderá afastar Dilma do cargo por 180 dias, são muito difíceis. Eles, no entanto, acreditam que uma forte campanha junto à população com o mote de que Temer não tem legitimidade para conduzir o governo e a ideia de que ele integra uma chapa com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu no processo da Lava Jato, já que ele assume a presidência caso Temer se ausente do País. "Quantos vão para as ruas defender um governo de Michel Temer e Eduardo Cunha? Quem é que vai apostar que esses dois, entrando pelas portas do fundo do Palácio do Planalto e deixando de lado a rampa dos eleitos, vai ter legitimidade para conduzir o País e enfrentar essa crise econômica?", disse Jorge Viana (PT-AC), vice-presidente do Senado. Viana acompanhou a votação da Câmara com Renan neste domingo e, segundo ele, o peemedebista está preparado para conduzir "com serenidade" o processo. "Aqui tem um rito para uma matéria como essa e certamente será cumprido sem os atropelos da Câmara", disse.

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