sexta-feira, 1 de abril de 2016

Polícia Federal prende ex-secretário-geral do PT e empresário ligado ao caso Celso Daniel



A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira a 27ª fase da Operação Lava Jato. Desta vez, o foco das investigações é um empréstimo fraudulento concedido pelo Banco Schahin, cujos recursos foram usados para a quitação de dívidas do PT. Mais do que apenas o rastreamento do dinheiro, a nova fase, batizada de Carbono 14, traz de volta o fantasma do assassinato do ex-prefeito petista de Santo André, Celso Daniel (PT). Foram presos na nova fase o ex-secretário-geral do PT, Silvio "Land Rover" Pereira, e o empresário Ronan Maria Pinto. O ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e o jornalista petista Breno Altman, foram conduzidos coercitivamente para depor. Silvinho "Land Rover" Pereira, um caiçara do litoral do paulista, crescido e feito politicamente nas Comunidades Eclesiais de Base (as CEBs, uma perna da Igreja Católica que funcionou como fundadora do PT), é um corrupto conhecido. Ele já admitiu sua participação do Mensalão do PT, mas como o crime atribuído a ele era de baixo poder ofensivo, fez a chamada "transação penal", pela qual pagou algumas cestas básicas e prestou algumas horas de serviço comunitário, livrando-se de sua responsabilidade. Ganhou o apelido de "Land Rover" porque se deixou corromper e ganhou um jeep brucutu dessa marca como pagamento pela corrupção, praticada por empresa baiana interessada em contratos na Petrobras. O ex-tesoureiro petista Delúbio Soares foi condenado no Mensalão do PT a seis anos e oito meses de prisão por corrupção ativa. Já recebeu indulto presidencial presidencial e está livre dessa pena. É aquele que dizia que o Mensalão ia acabar em "piada de salão". O publicitário e operador do Mensalão do PT, Marcos Valério, revelou em depoimento à Procuradoria-Geral da República que Ronan Maria Pinto, um empresário dos ramos do lixo e ônibus ligado ao antigo prefeito, estava chantageando o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, para não envolver seu nome e o do poderoso chefão e ex-presidente Lula na morte de Celso Daniel. Segundo os investigadores da Operação Lava Jato, pelo menos metade do empréstimo fictício contraído junto ao Banco Schahin acabou desaguando nos bolsos de Ronan Maria Pinto. As apurações do megaesquema de corrupção na Petrobras indicam que José Carlos Bumlai, empresário e amigo do poderoso chefão e ex-presidente Lula, integrou um esquema de corrupção que envolvia a contratação da Schahin pela Petrobras para operação do navio sonda Vitoria 10.000. A transação só ocorreu após o pagamento de propina a dirigentes da Petrobras e ao PT. A exemplo do escândalo do Mensalão do PT, o pagamento de dinheiro sujo foi camuflado a partir da simulação de um empréstimo no valor de 12,17 milhões de reais do Banco Schahin, com a contratação indevida da Schahin pela Petrobras para operar o navio sonda Vitoria 10.000 e na simulação do pagamento do suposto empréstimo com a entrega inexistente de embriões de gado. Em depoimento, Bumlai admitiu que tomou o empréstimo para repassar os valores ao PT e detalhou que o dinheiro foi pedido pelo ex-tesoureiro da sigla, Delúbio Soares. "A fiar-se no depoimento dos colaboradores e do confesso José Carlos Bumlai, os valores foram pagos a Ronan Maria Pinto por solicitação do Partido dos Trabalhadores", disse o juiz Sergio Moro no despacho da 27ª fase. Agora a Polícia Federal quer entender todos os capítulos dessa história e executou na manhã desta sexta-feira doze mandados para aprofundar a investigação sobre o esquema de lavagem de capitais de cerca de 6 milhões de reais do empréstimo, considerado crime de gestão fraudulenta do Banco Schahin. As medidas foram cumpridas em São Paulo, Carapicuíba, Osasco e Santo André. A procuradoria afirma que o dinheiro desse empréstimo ao PT acabou gerando prejuízo para a Petrobras, já que os valores só foram liberados depois que o Grupo Schahin pagou propina para vencer a concorrência e ser operadora do navio-sonda Vitória 10.000. Apenas este contrato chegou a 1,6 bilhão de dólares. Para a viabilização do esquema de pagamentos do empréstimo forjado ao PT, o dinheiro saiu de José Carlos Bumlai para o Frigorífico Bertin, que, por sua vez, repassou cerca de 6 milhões de reais a um empresário do Rio de Janeiro. Na sequência, ele fez transferências diretas para a Expresso Nova Santo André, empresa de ônibus controlada por Ronan Maria Pinto. Outras pessoas físicas e jurídicas indicadas pelo empresário para recebimento de valores, como o jornal Diário do Grande ABC, também foram usadas para camuflar a transação. Empresário com diversos negócios na região do ABC paulista, Ronan Maria Pinto é apontado pelo Ministério Público como um dos participantes do esquema de corrupção instalado em Santo André durante a administração do petista Celso Daniel, que desviava dinheiro público para o PT e paga os pagamentos de suas campanhas. O nome do empresário, velho conhecido do PT, voltou à tona com a delação premiada do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró. Ele disse que Bumlai obteve o empréstimo junto ao Banco Schahin e repassou 6 milhões de reais a Ronan. O nome da nova fase da Lava Jato, Carbono 14, é uma referência a procedimentos utilizados para a investigação de fatos antigos. As suspeitas envolvem crimes de extorsão, falsidade ideológica, fraude, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. É bem possível que a Operação Lava Jato dê de cara com assassinatos políticos, e então os dados serão repassados para a Polícia Civil paulista, até hoje incompetente para investigar e elucidar o assassinato do Celso Daniel. Como o PSDB é governo em São Paulo há 20 anos, é inevitável concluir pelo conluio do partido para que essa morte não seja elucidada. Assim, agora só fica faltando a Operação Lava Jato investigar o tráfico de cocaína do Brasil para a máfia italiana Ndranghetta, com dinheiro desviado da Petrobras. Já tem uma doleira brasileira que operava para a máfia italiana condenada. É a gaúcha Maria de Fátima Stocker. Ela está na cadeia em Roma. A doleira brasileira operava junto com os doleiros pegos no Petrolão do PT. Ou seja, dinheiro desviado da Petrobras, movimentado por esses doleiros, também seria para bancar o tráfico de cocaína. Por algum motivo inexplicável essa conexão ainda não veio a público e não é explorada pelas investigações da Lava Jato. Mas a Operação Monte Pollino, que condenou traficantes de cocaína de Santos, foi desmembrada da Operação Lava Jato. E tem conexão direta com ea Operação Buon Gustaio, da polícia italiana, aberta a partir de informações recebidas do DEA (Drug Enforcement Agency) e do FBI (Federal Bureau of Investigations), a partir de dados fornecidos pela NSA (National Security Agency). Entenderam por que a presidente Dilma Rousseff ficou tão indignada com a denúncia do espião americano Edward Snowden, que apontou gravações dos telefonemas da petista e dos dirigentes da Petrobras?).

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