quinta-feira, 28 de abril de 2016

Ministério Público Federal faz nova denúncia contra João Santana, Odebrecht e mais 15 na Lava Jato


A força-tarefa da Operação Lava Jato apresentou nesta quinta-feira duas novas denúncias contra 17 pessoas suspeitas de participação no esquema de corrupção instalado na Petrobras. A primeira se refere à 23ª fase da Operação, a Acarajé, e a segunda, à 26ª etapa, a Xepa. Entre os denunciados, estão o ex-marqueteiro do PT, João Santana, e a sua mulher, Monica Moura. Também são acusados formalmente o ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Os quatro são acusados dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. O objeto da primeira denúncia é o suposto pagamento de 4,5 milhões de dólares a João Santana pelo lobista e engenheiro representante no Brasil do estaleiro Keppel Fels, Zwi Skornicki. O estaleiro fornecia navios sondas para a Petrobras. Segundo a procuradora Laura Tessler, o dinheiro repassado ao marqueteiro, que foi responsável pelas campanhas do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff, foi feito da parte que cabia ao PT no esquema. Em relação a Monica Moura, foi ela quem indicou para Skornicki os dados das contas para os depósitos no Exterior.  "Os recursos eram contados como uma parcela da propina que deveria ser paga ao Partido dos Trabalhadores. A remessa dos valores era feita por orientação de João Vaccari, que era a pessoa que coordenava o repasse no interesse do Partido dos Trabalhadores", disse a procuradora. Já a segunda denúncia se refere aos 3 milhões de dólares remetidos a Santana por offshores ligadas à Odebrecht e ao chamado "departamento de propina", que funcionava dentro da empresa para cuidar especificamente das operações ilegais. Esta é a terceira denúncia contra Marcelo Odebrecht, que já foi condenado em um primeiro processo a 19 anos de prisão. Segundo as investigações, Odebrecht coordenava o chamado "Setor de Operações Estruturadas", que dispunha de funcionários e de um sistema informacional próprios, e tinha a estrutura de uma verdadeira "indústria de propinas". A procuradoria apontou que o setor operava de forma autônoma e era acionado por diferentes empresas do grupo Odebrecht, dependendo da necessidade de cada uma. "E o mínimo múltiplo comum desses negócios era o Marcelo Odebrecht", afirmou Dallagnol. "O que esse setor fez foi montar uma organização maior, com requinte profissional, de aprimorar os meios de ocultação de dinheiro", corroborou Laura Tessler. A procuradora também deu alguns detalhes do depoimento da ex-funcionária do "setor de propinas" Maria Lúcia Tavares, que firmou acordo de delação premiada com a força-tarefa. "Ela conta que, logo que entrou no departamento, já foi lhe dito abertamente qual era a sua função. Não tinham vergonha nenhuma de praticar a corrupção de modo profissional", comentou ela. Antes de detalhar as denúncias, o coordenador da força-tarefa da Lava Jato, procurador Deltan Martinazzo Dallagnol, fez um balanço geral sobre a operação. Segundo ele, contando as duas de hoje, a Lava Jato soma 39 acusações formais e 93 condenações. Ele também afirmou que 2,9 bilhões de reais foram devolvidos aos cofres públicos por meio de acordos de delação premiada. Dallagnol também ressaltou que a corrupção não é exclusividade de "partido A ou B" e que uma eventual troca de governo não signfica que o combate à corrupção no país já "está com meio caminho andado". Confira a lista de denunciados:
Denúncia 1:
1) Zwi Skornicki
2) Pedro José Barusco Filho
3) Renato de Souza Duque
4) Monica Regina Cunha Moura
5) João Cerqueira de Santana Filho
6) João Vaccari Neto
7) José Carlos de Medeiros Ferraz
8) Eduardo Costa Vaz Musa
Denúncia 2:
1) Marcelo Bahia Odebrecht
2) Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho
3) Luiz Eduardo da Rocha Soares
4) Fernando Migliaccio da Silva
5) Maria Lucia Guimarães Tavares
6) Angela Palmeira Ferreira
7) Isaias Ubiraci Chaves Santos
8) Monica Regina Cunha Moura
9) João Cerqueira de Santana Filho
10) João Vaccari Neto
11) Olívio Rodrigues Junior
12) Marcelo Rodrigues

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