sábado, 16 de abril de 2016

Lava-Jato investiga pagamentos de grupo mexicano a José Dirceu


A força tarefa do Ministério Público Federal investiga negócios entre o grupo mexicano Elektra e a JD Consultoria, do ex-ministro e bandido petista mensaleiro José Dirceu, condenado no Mensalão do PT e réu na Lava-Jato. O grupo, que reúne as lojas Elektra e o Banco Azteca, fez pagamentos de R$ 1,7 milhão à consultoria de José Dirceu, a JD, por meio de operações de câmbio originárias de agências bancárias em Nova York, segundo documento do Ministério Público Federal. O Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Azteca em janeiro passado por "comprometimento da situação econômico financeira, existência de graves violações às normas legais e regulamentares que disciplinam a atividade da instituição e ocorrência de prejuízos, sujeitando os credores a risco anormal". No último dia 6, nomeou comissão de inquérito para investigar a atuação do Azteca no Brasil. Em seu comunicado a investidores, também em janeiro, o Grupo Elektra informou que começara o processo de retirada de suas operações no Brasil em 2015 e que, "para finalizar o fechamento", o Banco Central do Brasil havia iniciado "processo de liquidação extrajudicial". O comunicado afirma que as operações no Brasil representavam apenas 0,3% do total do grupo. O grupo, que pertence ao bilionário mexicano Ricardo Salinas, chegou ao Brasil em 2008 com a meta de abrir mil lojas. O Azteca foi inaugurado pelo então presidente e poderoso chefão Lula. Num discurso no Fórum Empresarial Brasil-México, realizado em Recife no mesmo ano, Lula afirmou que o banco esbarrou em burocracia para atuar no Brasil e que pretendia oferecer crédito barato aos brasileiros. "Eu disse para o Salinas: nós vamos fazer o seu banco funcionar aqui no Brasil, até porque se você conseguir reduzir o spread para o povo mais pobre, eu penso que vai ser uma lição. Eu estou desafiando os bancos brasileiros, sobretudo os públicos, a perceberem o que vai acontecer com a entrada do Banco Azteca no Brasil", discursou Lula, que participou da inauguração da sede do banco. A rede de varejo abriu apenas 35 lojas e sua atuação ficou restrita a Recife, Natal e municípios da Paraíba e Bahia. Salinas tinha como objetivo aproveitar o aumento do consumo das classes C, D e E no Nordeste. A empresa chegou a ter problemas com cobrança de inadimplentes. Consumidores denunciaram que cobradores da rede entravam em suas casas e tentavam retirar qualquer produto de valor para quitar a dívida, mesmo que adquiridos em outras lojas. Em maio passado, a Elektra fechou as portas e deixou o Brasil sem pagar direitos trabalhistas a mais de 500 funcionários, que chegaram a fazer protestos em Recife. Funcionários da rede fizeram um dossiê com denúncias e encaminharam para o Ministério Público Federal. Eles afirmam que suas contas no Banco Azteca, que tinha uma única agência em Recife, teriam sido usadas para lavagem de dinheiro. Segundo E.S, um ex-funcionário que teme ser identificado, as contas eram movimentadas à noite, com dinheiro que entrava e saia poucas horas depois. Esses valores chegavam a R$ 100 mil reais por dia. "Essa movimentação ilegal ocorria à noite. Pela manhã o saldo estava normalizado", diz ele. Os funcionários informaram ao Ministério Público Federal que as contas correntes eram "espelhadas". Uma delas era remunerada com juros de 1% ao mês e outra, sem remuneração, era batizada de "guardadito". As movimentações suspeitas ocorreriam nesta segunda conta. Segundo o advogado Roberto Podval, o bandido petista mensaleiro José Dirceu prestou serviços à Elektra Del Milenium no México e recebeu por meio da JD Consultoria. Podval afirma que José Dirceu não prestou nenhum serviço para a empresa mexicana no Brasil. O milionário Ricardo Salinas foi arrolado como testemunha de defesa do ex-ministro e deve ser ouvido no México por carta rogatória. 

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