sábado, 2 de abril de 2016

Delator diz que pagou R$ 154 mil como "ajuda financeira" a ex-secretário do PT



O empresário Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, um dos delatores na Operação Lava Jato, confirmou ter feito sete depósitos para a empresa do ex-secretário-geral do diretório nacional do PT, Silvio Pereira, no valor total de R$ 154 mil, como uma forma de ajudar o petista a superar gastos que teve com o processo do "mensalão" e também por serviços prestados com pesquisas eleitorais. Em depoimento prestado à força-tarefa da Lava Jato em 2 de fevereiro passado, Mendonça Neto disse que, por "comentários do mercado e da imprensa", "soube que Silvio era a pessoa que acompanhava as obras da Petrobras como representante do Partido dos Trabalhadores". Segundo o empresário, tal informação "era de notório conhecimento do mercado". Ele também teria ouvido o mesmo do então gerente de engenharia da Petrobras Pedro Barusco, posteriormente também um dos delatores da Lava Jato. O empresário disse que matinha "conversas informais" com Silvio e que a primeira foi relativa às plataformas de petróleo P-51 e P-52 por volta de 2003. Uma empresa de Mendonça Neto, de nome não revelado no depoimento, disputava na Petrobras licitação para realizar as obras e o empresário foi informado por Silvio de que "a empresa estava bem colocada" na disputa. Mendonça Neto disse que decidiu contratar uma empresa de Silvio em 2010, a DNP Eventos Ltda, após ter sido procurado pelo próprio ex-secretário-geral do PT. Mendonça Neto disse que Silvio "pediu ajuda" para que ele o contratasse para "fornecimento das pesquisas" nas eleições de 2010. Os pagamentos ocorreram entre julho e dezembro de 2010 com o objetivo formal de "realização de pesquisas eleitorais nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro". No depoimento à Lava Jato, o delator reconheceu que o valor de R$ 22 mil mensais "estava elevado", mas que as pesquisas "efetivamente interessavam" a ele. O delator decidiu contratar Silvio "até mesmo porque a probabilidade de ganho do governo" nas eleições "era grande" e também "como forma de ajudá-lo, pois foi por ele [Silvio] informado que estava passando por uma crise financeira em razão das despesas que teve que arcar com o processo do 'mensalão'", no qual chegou a ser investigado e processado. Mendonça Neto, contudo, reiterou à Lava Jato que a contratação "não tem relação com qualquer propina ou alguma obra". O futuro delator na Lava Jato afirmou que Silvio prestou os serviços pelos quais foi contratado, tendo entregue "diversos relatórios de intenção de voto", conforme e-mails que entregou aos investigadores. Para Mendonça Neto, "a pesquisa foi muito bem feita". A força-tarefa da Lava Jato quis saber as provas de que os serviços foram de fato realizados. O delator afirmou que recebeu o resultado dos trabalhos em papéis, e que depois os perdeu. Os investigadores também indagaram por que o empresário não procurou outras empresas mais conhecidas que trabalham com pesquisas eleitorais, em vez da de Silvio, e o delator respondeu que resolveu contratar o petista "principalmente para ajudá-lo, já que estava passando por uma crise financeira, ao mesmo tempo em que interessaram a ele as pesquisas a serem realizadas, pois já se aproximavam as eleições para Presidência da República". Os investigadores então disseram a Mendonça Neto que a DNP era uma sociedade empresarial sediada em Osasco (SP) cujas atividades principais eram "artes cênicas, espetáculos e atividades complementares não especificadas". O delator disse "desconhecer tais informações".

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