sexta-feira, 11 de março de 2016

Usiminas dá aval a socorro de R$ 1 bilhão para evitar recuperação judicial


O conselho de administração da Usiminas aprovou na quinta-feira (12) a recomendação de um aumento de capital de R$ 1 bilhão para evitar a recuperação judicial da siderúrgica mineira. O aumento de capital é aberto a todos os sócios, mas a Nippon Steel se comprometeu a injetar os recursos se os demais não quiserem. A proposta será votada na próxima assembléia de acionistas, em data a ser definida, em razão da exigência dos japoneses para o investimento. Eles querem que os bancos credores congelem a dívida de curto prazo da empresa por 90 dias e renegociem os débitos de longo prazo. A Usiminas não tem caixa para pagar as dívidas. Só neste mês vencem R$ 455 milhões. No ano, será R$ 1,5 bilhão. A dívida bruta total é de R$ 7,9 bilhões, concentrada no Banco do Brasil, no BNDES e no japonês JBIC. Os bancos já estavam dispostos a conceder mais prazo se houvesse um aumento de capital, mas pediam que os sócios injetassem R$ 4 bilhões. As negociações entre empresa e os bancos vão continuar. Para aprovar o aumento de capital, os conselheiros ignoraram o acordo de acionistas, que prevê que os principais sócios – Nippon e Ternium – precisam de consenso antes de qualquer votação, o que não ocorreu. As duas empresas brigam há anos pelo comando da companhia. A proposta dos japoneses foi aprovada por 7 votos a 3, com apoio da Nippon e dos minoritários. Os conselheiros decidiram ignorar o acordo de acionistas em razão da crítica situação da empresa. A Ternium votou contra a proposta, porque preferia que os sócios injetassem R$ 500 milhões e o restante viesse do caixa da subsidiária Mineração Usiminas (Musa). A Musa possui R$ 1,3 bilhão em caixa. A Usiminas detém 70% da empresa, mas os sócios japoneses da Sumitomo não liberaram o dinheiro. A Sumitomo informou ao mercado que só vai avaliar a ajuda após a injeção de capital da Nippon. Os dois grupos japoneses são próximos. A Ternium não pretende recorrer da decisão do conselho, apesar do rompimento do acordo de acionistas. Os ítalo-argentinos vão defender sua proposta na assembléia de acionistas. Eles argumentam que haverá forte diluição dos minoritários. As ações da Usiminas estão dividas entre Nippon (29,45%), Ternium (27,66%), Previdência Usiminas (6,75%) e o mercado (36,14%). Executivos ligados à Ternium e à Nippon negam que o aumento de capital altere o acordo de acionistas, que concede poderes iguais às duas empresas, mas a situação é nebulosa. A CSN, que também é sócia da Usiminas, pediu liminar para impedir a aprovação do investimento pelo conselho, mas não conseguiu. A siderúrgica não vota nas assembleias da Usiminas por determinação do Cade, que regula a concorrência e vê conflito de interesses. A CSN deve pedir ao órgão que abra uma exceção na próxima assembleia de acionistas, por causa da diluição dos minoritários, mas a chance de vitória é pequena.

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