terça-feira, 8 de março de 2016

Policia Federal investiga "taxista de confiança" de ex-tesoureiro da campanha de Dilma

A força-tarefa da Operação Lava-Jato quer saber do "taxista de confiança" do ex-tesoureiro da campanha da presidente Dilma Rousseff (2010), José de Filippi Junior, as razões de sua visita à UTC Engenharia, empreiteira envolvida no esquema de corrupção e pagamento de propinas instalado na Petrobras entre 2004 e 2014. A Polícia Federal levou João Henrique Worn para depor coercitivamente na sexta-feira. Segundo relatório do Ministério Público Federal, na Operação Aletheia, ápice da Lava-Jato, que investiga o chefão Lula, o ex-tesoureiro recebeu propina da UTC, em decorrência de contratos celebrados com a Petrobras. Filippi também foi tesoureiro da campanha de Lula, em 2006. As informações sobre Filippi foram repassadas aos investigadores por dois delatores da Lava-Jato, o dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, e o diretor de finanças, Walmir Pinheiro. "João Henrique Worn é o taxista de confiança de José de Filippi Junior, responsável por receber, em nome deste, entre 2010 e 2014, valores entregues em diversas oportunidades na sede da UTC, conforme tabela apresentada pelos colaboradores Ricardo Pessoa e Walmir Pinheiro", aponta o documento. "A sua oitiva no dia da deflagração da operação permitirá a inquirição sobre quais as razões de sua visita à UTC, a mando de quem agia, dentre outros temas". O relatório aponta que José de Filippi é sócio do Instituto Diadema de Estudos Municipais e da AFC 3 Engenharia LTDA. A força-tarefa suspeita que as sedes dessas empresas podem ter sido usadas por ele "para a ocultação de documentos e provas que evidenciam a prática" de crimes. O Instituto Diadema e a AFC3 foram alvo de mandados de busca e apreensão na Aletheia. "Jose de Filippi Junior foi tesoureiro do projeto de reeleição do ex-presidente Lula, em 2006, período no qual recebeu ilícitos desviados da Petrobras a partir de contratos celebrados por esta estatal com a UTC e a Quip S.A.. Entre 7 de janeiro de 2011 e 24 de outubro de 2011, José de Filippi Junior ocupou a presidência do Instituto Luiz Inácio Lula da Silva, sendo que, no período de 2010 a 2014, recebeu vantagens indevidas destinada pela UTC em decorrência de contratos celebrados com a Petrobras", destaca o documento. A Procuradoria afirma que Ricardo Pessoa e Walmir Pinheiro revelaram que José de Filippi "solicitou e deles recebeu, entre 2010 e 2014, cerca de R$ 750 mil em espécie". "Os valores foram entregues em diversas oportunidades na própria UTC, conforme tabela apresentada pelos colaboradores, na maioria das vezes, a João Henrique Worn, taxista de confiança de José de Filippi Junior. Os colaboradores também citaram uma doação de R$ 150 mil que foi efetuada pela UTC a José de Filippi Junior na época em que este concorria ao cargo de deputado federal em 2010?", informa o relatório. De acordo com o documento, parte dos valores repassados a José de Filippi entre 2010 e 2014 "nada mais são do que um montante da propina destinada pela UTC ao Partido dos Trabalhadores em decorrência dos contratos por ela celebrados com a Petrobras, especificamente o contrato firmado no Comperj (Consórcio TUC)". Os investigadores haviam pedido, em 22 de fevereiro, a prisão do ex-tesoureiro na Operação Aletheia, o ápice da Lava-Jato que pegou o chefão Lula. O petista foi conduzido coercitivamente - quando o investigado é levado para depor e liberado - e prestou depoimento por mais de 3 horas em uma sala da Polícia Federal no Aeroporto de Congonhas. "Considerando as provas angariadas nas investigações, tem-se como imprescindível a decretação das prisões temporárias de Paulo Okamotto, José de Fillipi Junior e Paulo Gordilho", pediu a força-tarefa da Lava-Jato. O juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações penais da operação na 1ª instância, não autorizou a prisão temporária de José de Filippi. 

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