segunda-feira, 7 de março de 2016

Nancy Reagan, ex-primeira dama dos Estados Unidos, morre aos 94 anos








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Mike Sargent - 15.ago.1988/AFP


Nancy Reagan, uma das mais poderosas primeiras-damas da história dos Estados Unidos, morreu neste domingo (6) de insuficiência cardíaca, em sua casa na Califórnia, aos 94 anos. Durante o mandato de seu marido, Ronald Reagan (1981-1989), ela teve papel relevante na nomeação e demissão de importantes assessores. Foi fundamental no desenho da estratégia de recuperação da imagem do presidente durante o escândalo Irã-Contras, a mais séria crise política de seu governo, ao defender que ele se desculpasse publicamente pelo episódio, ainda que de modo discreto. Desde que Reagan foi diagnosticado com o mal de Alzheimer, em 1994, e em especial após sua morte, 12 anos atrás, ela se tornou o principal símbolo do legado do marido, considerado o maior ícone do conservadorismo na política americana, respeitado mesmo entre adversários. Nos últimos 25 anos de vida, desfrutou de grande popularidade. Mas não foi sempre assim. Como primeira-dama da Califórnia (1967-1975) e nos anos de Casa Branca, foi frequentemente alvo de críticas pelo seu estilo tido como autoritário a ponto de ser apelidada de "Rainha Nancy". Idiossincrática, recusou-se a morar na residência oficial do governador da Califórnia e, em Washington, promoveu controvertida reforma, custeada por doações de empresas, na ala doméstica da sede do governo americano. Desde que seu marido foi vítima de um atentado, em 1981, Nancy começou a consultar a astróloga Joan Quigley, que dizia haver anunciado que aquele "seria um dia ruim" para o presidente. A primeira-dama passou a controlar a agenda de Reagan com base nas recomendações de Quigley, o que provocou diversos atritos com auxiliares do presidente, alguns dos quais acabaram deixando o governo por conta deles. Apesar de tão conservadora como o marido, Nancy adotou por razões pessoais algumas causas que atualmente são anátemas para os grupos de direita no espectro ideológico americano, como o controle sobre a venda de armas e o apoio estatal à pesquisa com células-tronco. Atriz de cinema até o casamento, Nancy era tolerante com estilos de vida liberais, como os adotados por seus dois filhos, Ronald, de 57 anos, e Patricia, de 63 anos. O filho se declarou ateu ainda adolescente e se dedicou ao balé antes de enveredar para a TV, onde manteve por anos um programa de entrevistas; a filha foi atriz e modelo, até posou nua para a revista "Playboy". Quando teve câncer de mama, em 1987, submeteu-se à mastectomia e foi a público incentivar mulheres a fazerem mamografias todo ano. Mas Nancy também teve suas cruzadas moralistas, como a campanha contra o uso de drogas e álcool por jovens que tinha como lema a frase que ela própria cunhou "Simplesmente Diga Não", famosa na década de 1980 na "guerra contra as drogas" do governo, que colocou na cadeia milhares de usuários. Embora Reagan tenha sido o único divorciado a chegar à Presidência, isso não chegou a afetar a imagem de Nancy, pois quase toda sua vida política foi passada com ela. Os dois se casaram em 1952, quando eram artistas de pouca expressão em Hollywood. Embora a princípio não tenha aprovado o ingresso de Reagan na política, ela se adaptou bem à nova atividade e foi fundamental para os êxitos que ele obteve. Ela será enterrada ao seu lado.

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