quinta-feira, 17 de março de 2016

Grampos revelam golpe de Lula e Dilma contra Lava Jato, e multidão volta às ruas


O Brasil que acordou nesta quarta-feira indignado dormiu assustado. Ou dormiu sem sem saber quem é, de fato, seu presidente. De tudo o que foi desnudado pela Lava Jato até aqui, nada é mais revelador de que Lula e Dilma pensam mais na própria sobrevivência política do que no futuro de um País quanto as escutas reveladas nesta quarta-feira. Diante do choque, uma multidão voltou às ruas para gritar: fora PT. Grampos da Polícia Federal, feitos com autorização do juiz federal Sergio Moro, comprovam que a presidente Dilma Rousseff agiu para evitar a prisão do poderoso chefão Lula pela Lava Jato, nomeando-o ministro da Casa Civil. O juiz Moro incluiu nesta quarta-feira no inquérito que investiga o ex-presidente um áudio em que Dilma telefona para Lula - o número discado é de um assessor do ex-presidente, usado frequentemente por ele e o único grampeado, segundo os autos - e explica que encaminhará a ele um "termo de posse", a ser usado "em caso de necessidade". O cargo de ministro confere ao seu ocupante foro privilegiado, no Supremo Tribunal Federal. O diálogo foi gravado hoje às 13h32. Pouco mais tarde, por volta das 16 horas, Dilma Rousseff concedeu entrevista coletiva em que negou enfaticamente que a nomeação de Lula tivesse por objetivo garantir-lhe o foro no Supremo Tribunal Federal e tirar seu caso da alçada de Moro. Dilma afirmou que a transferência do processo de Lula para o Supremo não lhe traria qualquer proteção especial e qualquer idéia em contrário seria mera intriga das "oposições", incomodadas com a idéia de que o retorno do ex-presidente ao Palácio do Planalto fortaleceria o seu governo. Os áudios comprovam: Dilma mentiu.  E, quando um presidente mente, em público, de maneira explícita, está aí configurada uma poderosa justificativa para impeachment. Além disso, comprovou-se que ela atuou para obstruir ação da Justiça. Tudo não passou de um "habeas corpus presidencial" ao seu antecessor. As gravações, em que o ex-presidente distribui violentos xingamentos a parlamentares como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), colocam em xeque ainda a função para a qual Lula foi oficialmente designado: retomar a articulação com o Congresso. Ao revelarem Lula despido de seu discurso oficial, as frases proferidas pelo ex-presidente queimam suas pontes no Congresso. Dilma e Lula estão nus. Mais do que isso, as gravações mostram Lula chamando os ministros do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça de "tremendos covardes". Foram registrados protestos espontâneos imediatos em pelo menos 16 capitais: São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Fortaleza, Salvador, Vitória, Goiânia, Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre, Manaus, Florianópolis, Maceió, Cuiabá. Campo Grande e Curitiba, o berço da Lava Jato. Na Avenida Paulista, a Polícia Militar não estimou o número de participantes, mas o protesto reuniu dezenas de milhares de pessoas. Muitos ficaram sabendo do evento pela internet, pela televisão, por amigos ou porque moram perto da via. Eles pedem que Lula volte atrás na decisão de aceitar o cargo no governo e chegaram a gritar: "Ei, PT, golpista é você!". Na capital federal, mais de 5.000 pessoas protestaram. Houve ainda buzinaço na rua Pouso Alegre, onde fica o Instituto Lula, no Ipiranga, Zona Sul de São Paulo. Alguns gritaram ofensas contra o ex-presidente, outros usaram cornetas como incremento ao barulho dos veículos. Num clube vizinho ao instituto foram ouvidos rojões, aparentemente soltos dentro do prédio do clube. Manifestantes pró e contra o impeachment chegaram a se enfrentar em frente ao prédio onde Lula mora, em São Bernardo do Campo. Os manifestantes que se encontravam desde o final da tarde diante do Palácio do Planalto, concentraram-se no início da noite diante do Congresso Nacional. Eles gritam "vem todo mundo", instigando os demais ativistas, além de palavras de ordem como "devolve meu dinheiro, Lula cachaceiro". Um boneco pixuleco foi pendurado no mastro onde fica hasteada a bandeira nacional. Os manifestantes carregam faixas pedindo o impeachment da presidente Dilma Rousseff e bandeiras do Brasil. Alguns deputados deixaram a Casa pela garagem lateral do Senado ou pelos anexos do Congresso Nacional. Parlamentares como o líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), demonstraram apreensão e pediram indicação para os policiais legislativos sobre a saída mais segura do Congresso. Um princípio de tumulto foi registrado no gramado do Congresso. Policiais usaram spray de pimenta para dispersar os manifestantes, que por sua vez revidaram jogando garrafas e dois objetos em chamas. O princípio de confronto gerou correria no gramado, mas os manifestantes voltaram a se concentrar em frente ao espelho d'água. A única certeza possível é que o Brasil vai acordar nesta quinta-feira indignado, assustado e assombrado com o gigantismo da desfaçatez petista. Desta vez foi demais. Lula já devia mesmo estar preso. Moro tinha toda razão. 

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