segunda-feira, 7 de março de 2016

Dilma defende Lula e ataca 'vingança' de Delcídio na TV



A presidente da República, Dilma Rousseff, fez um pronunciamento de 10 minutos na tarde de sexta-feira, transmitido por canais de televisão, para defender o ex-presidente Lula, seu antecessor e padrinho político, e rebater a delação premiada de seu ex-líder no Senado, Delcídio do Amaral. Ela afirmou que a condução de Lula à força na Operação Lava Jato era "desnecessária" e que as denúncias de Delcídio são "vingança" movida de maneira "imoral e mesquinha". Dilma foi alvo de panelaços durante a transmissão. "Quero manifestar o meu mais absoluto inconformismo com o fato de o ex-presidente Lula, que por várias vezes compareceu de forma voluntária para prestar esclarecimentos perante as autoridades competentes, seja agora submetido a uma desnecessária condução coercitiva para prestar outro depoimento", disse a presidente no Palácio do Planalto, em Brasília. "Num ambiente republicano e democrático, o protagonismo da Constituição sob orientação do Supremo Tribunal Federal constitui importante salvaguarda, segundo o entendimento de nossa Suprema Corte, o respeito aos direitos individuais passa, nas investigações, pela adoção de medidas proporcionais que jamais impliquem em providências mais fortes e gravosas do que as necessárias para o esclarecimento dos fatos". Em São Paulo, houve protestos em bairros nobres como Vila Leopoldina, Perdizes, Itaim Bibi e Higienópolis durante a fala de Dilma. No Rio, panelaços foram ouvidos em bairros de classe média como Barra da Tijuca e Copacabana. A presidente gastou a maior parte do tempo para rebater o acordo de colaboração premiada de Delcídio. Ela disse que está inconformada com o vazamento de trechos do que o senador se comprometeu a revelar ao Ministério Público Federal e indignada com as denúncias do petista. "É lamentável que ocorra o vazamento de uma hipotética delação premiada, que, se chegou a ser feita, teve como motivo único a tentativa de atingir a minha pessoa e o meu governo. Provavelmente, pelo imoral e mesquinho desejo de vingança e de retaliação de quem não defendeu quem não poderia ser defendido pelos atos que praticou", afirmou Dilma. Dilma disse que a Procuradoria-Geral da República arquivou a investigação sobre a responsabilidade de integrantes do Conselho de Administração da Petrobras, instância que presidiu, na compra desvantajosa da refinaria-sucata de Pasadena, nos Estados Unidos. Delcídio diz que ela sabia das irregularidades no negócio. "Observo que nas declarações atribuídas ao senador Delcídio nenhum elemento novo foi apresentado de forma a propiciar qualquer alteração dessa compreensão formada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com base em atas do conselho", disse Dilma: "O senador Delcídio não integrava nem a diretoria executiva nem o Conselho de Administração à época". Dilma também negou que seu governo tenha feito gestões junto ao Poder Judiciário para mudar os rumos e interferir na Lava Jato, beneficiando empreiteiros presos. Disse que a reunião relatada pelo senador, entre ela e o presidente do Supremo, ministro Ricardo Lewandowski, na cidade do Porto, em Portugal, serviu apenas para debater o reajuste de servidores da Justiça. A presidente rechaçou que tenha "negociado de forma imoral" a nomeação de ministros do Superior Tribunal de Justiça. "Jamais falei com o senador a esse respeito. Não teria nenhuma razão de pedir ao senador para conversar com um juiz. Não é um senador que participa da nomeação de ministros do STJ ou do Supremo. É subjetiva e insidiosa a fala do senador, se ela foi feita". Dilma afirmou ainda que "carece de qualquer credibilidade a afirmação de que o encerramento da CPI dos Bingos teria sido feito para beneficiar minha campanha presidencial", quatro anos antes da indicação dela para suceder a Lula como candidata nas eleições de 2010: "Não antecipei o fim dessa CPI dos Bingos. É um absurdo supor que eu, em 2006, sabia o que aconteceria em 2010".

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