segunda-feira, 7 de março de 2016

Dez companhias, com dívidas de R$ 100 bilhões, têm "possibilidade real de inadimplência"


Nunca antes tantas empresas brasileiras de grande porte estiveram sob risco tão elevado de não honrar suas dívidas. Acusando o golpe da fraca demanda interna, da disparada do dólar e dos juros e da perda do selo de bom pagador pelo Brasil, dez companhias nacionais — incluindo gigantes como Oi, Usiminas e Gol — receberam notas do tipo “CCC”/“Caa1”, ou piores, pelas agências de classificação de risco Fitch ou Moody's. Esses ratings, como são chamados, indicam um risco de crédito muito alto, situação em que o calote “é uma possibilidade real”, como define a Fitch. São empresas que acumulam, somadas, dívidas líquidas de aproximadamente R$ 100 bilhões, segundo números da Bloomberg. Em um sintoma da rápida piora da condição econômica brasileira, no fim de 2012 — quando o País gozava de sua melhor classificação, o grau de investimento — eram cinco firmas naquela situação, sendo que quatro delas pertenciam ao mesmo grupo, que enfrentava dificuldades financeiras. Juntas, tinham dívidas líquidas de R$ 5 bilhões (valores nominais, não corrigidos pela inflação), uma pequena fração do montante atual. "Desde que as empresas brasileiras começaram a receber ratings, este é o pior momento em termos de geração de caixa e liquidez (oferta de dinheiro). O problema não é só o cenário econômico ruim, mas a falta de perspectiva para restabelecer o apetite dos investidores", diz Ricardo Carvalho, diretor sênior da Fitch. "Em 2012, era diferente, seja no lado operacional das companhias, seja pelo alto valor das commodities e pela grande liquidez no mundo. Empresas que não ostentavam perfil de crédito muito bom conseguiam levantar capital com facilidade. Isso afastava possibilidade de inadimplência". Ricardo Carvalho observa que a classificação de crédito reflete o risco de inadimplência das companhias. Isso abarca, em tese, a totalidade das dívidas, mas, em alguns casos, parcela do montante pode apresentar um tipo de garantia diferente e, portanto, com risco diferente.

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