domingo, 27 de março de 2016

Delação de Pedro Correa alcança Lula, Dilma e Fernando Henrique Cardoso


Depois de oito meses em negociação, o ex-deputado federal Pedro Corrêa, condenado no processo do Mensalão do PT, consolidou sua delação premiada agora no Petrolão do PT. Após negociar durante oito meses a delação premiada a ser prestada aos agentes da Polícia Federal que comandam as investigações da Operação Lava Jato, há cerca de duas semanas o ex-deputado federal Pedro Corrêa (PE), ex-presidente nacional do PP, fechou o acordo com a Procuradoria-Geral da República. No depoimento, divulgado na manhã desta sexta-feira (25), Pedro Corrêa cita políticos da base do governo e da oposição. O acordo da delação premiada ainda precisa ser homologado pelo Supremo Tribunal Federal. Em um dos anexos, chamado de “Mesada de Augusto Nardes”, Corrêa mira o atual ministro do Tribunal de Contas da União e afirma que, entre 2003 e 2005, quando Nardes era deputado federal pelo Partido Progressista, ele estava entre os nomes da bancada da Câmara que recebiam propina arrecadada pelo deputado federal José Janene (morto em 2010) junto à Petrobras e outros órgãos com diretorias indicadas pela legenda. Pedro Corrêa menciona ainda a destruição de um recibo que comprovava o pagamento da propina assim que Nardes foi nomeado para assumir a cadeira no TCU, em 2005. Corrêa pontuou que o material destruído seria um recibo de valor “baixo” – entre R$ 10 mil e R$ 20 mil. De acordo com a publicação, o ex-parlamentar apresentou uma lista de operadores de propina, e incluiu o nome de Andréa Neves, irmã do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e considerada mais do que braço direito, mentora do candidato tucano à Presidência da República em 2014. Ela é apontada, segundo a Folha, como responsável por conduzir movimentações financeiras ligadas ao irmão. Esta é a primeira citação a Andréa Neves. A lista do ex-deputado por Pernambuco inclui nomes como Marcos Valério, operador do mensalão, e Benedito Oliveira, o Bené, investigado na Operação Acrônimo, que apura suspeitas de irregularidades na campanha de Fernando Pimentel (PT) ao governo de Minas Gerais, no ano de 2014. Durante o depoimento, Corrêa também traz informações sobre o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O delator mencionou a votação que aprovou uma emenda constitucional possibilitando a reeleição de FHC, em 1997. A reportagem afirma que Corrêa disse que o ex-presidente FHC contou com apoio financeiro do empresariado para aprovar o projeto da reeleição. Olavo Setúbal, do Banco Itaú, morto em 2008, é mencionado como alguém que ajudou o ex-presidente. “Olavo Setúbal dava bilhetes a parlamentares que acabavam de votar, para que se encaminhassem a um doleiro em Brasília e recebessem propinas em dólares americanos”, diz o anexo, citando o relato do ex-deputado federal pernambucano. A colaboração está consolidada em pouco mais de 70 anexos, cada um com um tema. São cinco referentes a Lula e cinco a Dilma. Um dos fatos apontados por Corrêa envolvendo Lula foi uma reunião com a participação dele, do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, e de José Eduardo Dutra, na época presidente da Petrobras, para acertar a nomeação de Costa para a diretoria da estatal, em 2004. O ex-parlamentar e outros integrantes da cúpula do PP defendiam a nomeação, enquanto Eduardo Dutra, sob pressão do PT, era contra. Corrêa disse, porém, que Lula atuou em nome do indicado, e revelou detalhes da conversa. “Mas ,Lula, eu entendo a posição do conselho. Não é da tradição da Petrobras, assim, sem mais nem menos trocar um diretor”, disse Eduardo Dutra, na época presidente da estatal. Lula respondeu, segundo Corrêa: “Se fôssemos pensar em tradição, nem você era presidente da Petrobras e nem eu era presidente da República”, respondeu o ex-presidente, conforme o relato. Ainda de acordo com o jornal, 15 dias depois desse diálogo, com a nomeação de Costa, o PP destravou a pauta do Congresso Nacional.

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