terça-feira, 29 de março de 2016

Delação de dona de agência de comunicação ligada ao PT é dividida

A delação premiada da publicitária Danielle Fonteles, dona da agência de comunicação Pepper Interativa, foi fatiada pela Procuradoria-Geral da República em duas partes. As citações feitas à campanha da presidente Dilma Rousseff foram encaminhadas ao Supremo Tribunal Federal e serão analisada pelo ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no tribunal. As referências sobre o governador Fernando Pimentel (PT-MG) seguem no Superior Tribunal de Justiça, que é responsável pelas investigações da Operação Acrônimo. Danielle fechou acordo de delação premiada na Acrônimo, que investiga um suposto esquema de financiamento ilegal de campanhas políticas do PT. A dona da agência ligada ao PT, no entanto, contou aos investigadores que recebeu R$ 6,1 milhões de forma ilegal referentes a serviços prestados à campanha de Dilma Rousseff (PT) em 2010. O valor, segundo ela informou às autoridades, foi pago pela empreiteira Andrade Gutierrez por meio de um contrato celebrado em janeiro de 2010. A versão corrobora pela primeira vez de maneira oficial o teor do depoimento de Otávio Azevedo, ex-presidente da empreiteira, que contou, também em delação, ter pago à Pepper essa quantia a pedido da campanha de Dilma. A presidente tem negado qualquer ilegalidade. Segundo a publicitária, sua empresa bancou despesas da campanha de Dilma em 2010, como pagamento de funcionários do comitê da petista, com recursos repassados à Pepper pela construtora Andrade Gutierrez. Além desses R$ 6,1 milhões pagos por fora, a Pepper recebeu R$ 6,4 milhões oficialmente da campanha da petista. A publicitária afirmou às autoridades que os serviços ligados ao contrato paralelo com a empreiteira foram prestados. Esse trecho da delação é que foi enviado ao Supremo Tribunal Federal, em razão de Dilma ter foro privilegiado. Daniele Fonteles já prestou alguns depoimentos e o termo de colaboração com as investigações está em fase final de ajustes entre ela, o Ministério Público Federal e o Superior Tribunal de Justiça. O tesoureiro da campanha presidencial de 2010, José de Filippi Júnior, nega irregularidades. Segundo sua defesa, "tudo foi feito de maneira legal, legítima e não houve fraude" na relação com a Andrade Gutierrez. Em um dos capítulos da delação, a dona da Pepper confirma que recebeu R$ 717 mil da empreiteira OAS em 2014, mas diz que o dinheiro foi pago por serviços ligados à campanha do petista Rui Costa ao governo da Bahia, sem ter relação com Dilma. Na campanha daquele ano, a Pepper cuidou da página da presidente no Facebook. A publicitária disse, em sua colaboração com a Justiça, que foi orientada pelo petista Fernando Pimentel a firmar o contrato de R$ 6,1 milhões com a Andrade Gutierrez para a campanha de 2010. Hoje governador de Minas Gerais, Pimentel foi um dos principais coordenadores da primeira fase da campanha presidencial de Dilma naquele ano. Depois, as ordenações de despesas ficaram a cargo da equipe de Antonio Palocci, um dos principais coordenadores da campanha de Dilma na época. Tanto Palocci como Pimentel negam irregularidades nas contas da campanha de Dilma em sua primeira disputa presidencial. Na negociação com as autoridades, Danielle Fonteles comprometeu-se ainda a entregar informações sobre a atuação de Benedito Rodrigues Oliveira Neto, o Bené, espécie de operador de partidos políticos, sobretudo do PT, na Esplanada. A Operação Acrônimo foi deflagrada em 2015 e apura irregularidades no financiamento e na prestação de contas da campanha de Pimentel ao Palácio da Liberdade, em 2014, e eventual favorecimento a empresas com empréstimos do BNDES, subordinado ao Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, pasta que foi comandada pelo governador.

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