terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Presidente da Petrobras fala em nova captação para melhorar dívida



O presidente da Petrobras, o petista Aldemir Bendine (o amigo da Val), disse nesta terça-feira (16) que a estatal pode recorrer a captações para equacionar o seu elevado endividamento. Sem detalhar o tipo de operação que pode ser realizado, Bendine apenas sinalizou que essa pode ser uma opção para melhorar o perfil da dívida da companhia, hoje concentrada em moeda estrangeira. No mês passado, no entanto, a Petrobras cancelou um plano para emitir R$ 3 bilhões em debêntures, alegando condições desfavoráveis do mercado. A possibilidade de promover uma captação foi citada por Bendine ao ser questionado sobre a viabilidade de a companhia cumprir sua meta de desinvestimento sem considerar a venda de ativos do pré-sal. A estatal pretende arrecadar US$ 14,4 bilhões até o final do ano para reduzir a sua dívida de US$ 130 bilhões. A empresa tenta preservar o negócio de exploração e produção, tentando vender ativos em outras áreas, como a BR Distribuidora,a Transpetro e usinas termelétricas, entre outros. Durante evento realizado em Santos (SP) para anunciar o início da produção de petróleo na área de Tupi Alto, no campo de Tupi, e da segunda rota de escoamento e tratamento de gás no pré-sal, Bendine destacou a relevância de manter os investimentos no principal negócio da empresa, apesar das dificuldades financeiras da companhia. "Você tem duas alternativas (para manter os investimentos). Uma delas é buscar captações que sejam necessárias", disse Bendine. A segunda possibilidade seria buscar parcerias para dar andamento aos projetos. "É claro que vamos dar prioridade ao desinvestimento, a empresa precisa desalavancar um pouco a sua dívida, que é bastante elevada. Mas temos outras alternativas", disse. "Há possibilidade de parcerias, mas o nosso foco permanece no pré-sal. É nisso que a gente vai continuar apostando". Questionado sobre a possibilidade de a estatal vender participações em projetos a outros operadores, Bendine mais uma vez não quis entrar em detalhes. "Temos 'n' modelos para atuar nesse sentido, como a capacidade da empresa de fazer parcerias em determinado campo, onde um parceiro possa carregar alguns investimentos. Mas eu não vou me precipitar em relação a isso, até porque são negociações intensas e estamos com um portfólio de discussão de desinvestimento muito amplo. Não caberia entrar em detalhes tão técnicos, até porque isso pode atrapalhar as nossas negociações", acrescentou. O presidente da Petrobras destacou ainda que a empresa não parou de investir. "Devemos fechar 2015 com investimentos acima de US$ 20 bilhões." Desse montante, 82% foram destinados à exploração e produção de petróleo, com ênfase no pré-sal, destacou. Para 2016, ele sinalizou que a companhia já definiu a sua capacidade de investimento e que esta será divulgada em breve. O presidente da Petrobras também evitou comentar a possibilidade de a empresa deixar de ser a operadora única do pré-sal, afirmando que essa decisão cabe apenas ao governo. "Costumo dizer que a companhia não tem e nem deve se pronunciar a respeito de legislação. Ela tem simplesmente de cumprir aquilo que é dado. Temos capacidade de trabalhar em qualquer um dos regimes que está em vigor." Bendine reconheceu que, num momento de fragilidade financeira como o atual, a Petrobras teria dificuldades para assumir novos investimentos em exploração. "Mas também, por outro lado, temos de entender que o preço do Brent não é convidativo para que a gente faça um leilão neste momento." Diante das dificuldades pelas quais passa a indústria mundial do petróleo, Bendine disse considerar que a discussão sobre os modelos de exploração seja até inoportuna. "Mas, diante do fato de que o Congresso quer fazer (essa discussão), estamos prontos a dar a nossa opinião técnica", disse.

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