sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Lula não se levanta mais do buraco do descrédito

Ed. Solaris, à beira mar, do triplex de Lula
Por Reinaldo Azevedo - Lula é agora um investigado, ao menos na Operação Zelotes, segundo informa a Polícia Federal. Também está na mira do Ministério Público Estadual. Na Lava Jato, para escândalo dos fatos, nada até agora. Na dita fase Triplo X, investiga-se um apartamento, não o ex-presidente. Ainda que a sua situação legal esteja longe de ser grave, Lula não anda tendo muito o que comemorar. O excesso de explicações para o apartamento e o sítio, nenhuma convincente, teve um efeito devastador para a sua imagem. Os memes ridicularizando suas desculpas viralizam com impressionante rapidez. As piadas se multiplicam nas redes sociais a uma velocidade espantosa. Tudo indica que descuidos até bestas, decorrentes da glória de mandar, farão contra a reputação do chefão petista o que histórias muito mais mal explicadas e muito mais cabeludas nunca fizeram. Tramoias como o mensalão e o petrolão não são fáceis de entender. Peguem o caso da Lava Jato. Santo Deus! Já está na sua 22ª fase. Aliás, eu recomendaria que a força-tarefa parasse de ficar batizando cada novo desdobramento da investigação. Daqui a pouco, ninguém nem dá bola: “Ah, é só 127ª fase daquela operação lá…” Já o apartamento e o sítio têm uma tradução fácil. E, obviamente, inaceitável para os valores das pessoas decentes. Provando que não aprende nada nem esquece nada, a máquina petista resolveu executar um duplo movimento: 1) acusar preconceito contra Lula; 2) mobilizar os difamadores para atacar os adversários do partido, especialmente FHC e Aécio Neves, na esperança de evidenciar que tudo não passa de perseguição. A primeira ação tem sido de comprovada ineficácia. Essa é uma desculpa do passado, do tempo em que Lula usava a sua alegada pobreza como um exclusivismo moral. Hoje ele é um homem milionário. Fez como se costuma fazer em Banânia: enriqueceu atuando na política. Como o PT insistia que sua pureza derivava daquela condição, a defesa teria de ser outra. O partido poderia tentar algo como: “Gente, não é porque Lula é rico que ele é desonesto…”. Depois, claro, de encontrar explicação eficaz para o apartamento e o sítio… A segunda ação também gira em falso. Leiam, por exemplo, a coluna de Guilherme Boulos, chefão do MTST e esbirro do petismo, na Folha. É uma colagem de fofocas contra tucanos colhidas nas páginas sujas de petralhas na Internet, algumas de tal sorte ridículas que petistas graúdos do Parlamento jamais tiveram coragem de brandir. O fundo imoral do artigo de Boulos é um só: já que os tucanos fizeram tudo isso e não foram importunados, então vamos deixar Lula em paz. Ainda que a premissa fosse verdadeira, a conclusão seria indecente. Como é falsa, trata-se apenas do velho jogo de difamar todo mundo para aliviar as costas dos culpados. É… Até outro dia, e foi assim no mensalão, o PT tinha mais dificuldades de se explicar às autoridades do que à população; hoje em dia, é mais fácil falar aos doutores do que aos homens comuns. O povo fez as sinapses necessárias. Lula não se levanta mais do buraco do descrédito.

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