terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Ameaça do petista Delcídio Amaral de entregar colegas revoltou senadores



A ameaça feita pelo senador presidiário Delcídio do Amaral (PT-MS) de que poderia entregar colegas caso tivesse seu mandato cassado pelo Conselho de Ética da Casa reverberou entre os senadores nesta segunda-feira (22). Em discursos na tribuna do plenário do Senado, os parlamentares criticaram a postura do colega. O senador Telmário Mota (PDT-RR), um dos vice-líderes do governo que passou a substituir Delcídio após a sua prisão em novembro do ano passado, cobrou explicações do colega. "Em sendo verdade essa declaração, eu faço um apelo, se Vossa Excelência não falou, que desfaça essa fala, mas se falou, decline os nomes daqueles que acha que deverão cair com o senhor. [...] O que não pode é que todos fiquem sob suspeição", disse. Segundo reportagem da Folha publicada nesta segunda-feira, o petista afirmou à interlocutores que se fosse cassado, levaria "metade do Senado" com ele. A frase foi entendida como uma ameaça de que está decidido a entregar seus pares caso lhe tiram a cadeira de parlamentar. Uma das maiores preocupações do senador é ter o mandato cassado porque, com isso, ele perderia o foro privilegiado e seu caso iria para a primeira instância. Lá seria analisado pelo juiz Sérgio Moro, do Paraná, que tem sido célere em suas decisões envolvendo réus da operação Lava Jato. Em 1º de dezembro, dias depois da prisão do parlamentar, a Rede Sustentabilidade e o PPS assinaram uma representação para pedir a cassação de Delcídio sob a acusação de quebra de decoro parlamentar. O processo foi aberto pelo Conselho de Ética da Casa e o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) foi designado relator do caso. A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) exigiu que Delcídio confirme ou desminta a informação e, cobrou do jornal que, se a informação estiver incorreta, que ela seja desmentida "com a mesma manchete a com as letras do mesmo tamanho". "O senador, se não disse isso, tem que vir a público e o jornal, no mínimo, tem que utilizar esse mesmo espaço de capa, com esse mesmo tamanho de letras para dizer que isso não é verdade. Do contrário, ele coloca a Casa inteira sob suspeição. Se não, fica parecendo que o Senado é composto de reféns que têm medo. Eu não tenho medo e não admito ser colocada sob suspeição", disse. Já a senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS) afirmou que, se a declaração for verdadeira, ela é "muito grave" e pediu aos integrantes do Conselho de Ética para votarem com isenção. "Cada macaco no seu galho. Se confirmar a declaração, que dê nome aos bois, quem são. Nome, sobrenome, CPF e endereço. Essa é a forma que nós queremos, com a responsabilidade do mandato que ele tem, que não seja apenas uma revanche", disse. O senador Cristovam Buarque (PPS-DF) também pediu que Delcídio esclareça as informações. "A primeira coisa é saber se a notícia é confirmada ou não. Depende do senador Delcídio. Se ele não confirmar, fica como matéria do jornal. Se ele confirmar, precisamos exigir que ele diga quais são esses 50%, porque, hoje, qualquer um de nós está entre os 50% e não entre os outros 50%", disse.

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