terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Macri vai reabrir investigação do assassinato do promotor Nisman



Na véspera do primeiro aniversário do assassinato de Alberto Nisman, o presidente da Argentina, Mauricio Macri, se comprometeu neste domingo a ajudar a esclarecer esse caso e também o atentado contra uma associação judaica que o promotor investigou durante uma década e pelo qual denunciou a ex-presidente peronista populista e muito incompetente Cristina Kirchner. O presidente tornou pública sua postura após receber as filhas de Nisman, Iara e Kala, em seu sítio na província de Buenos Aires. Durante o encontro, Macri declarou que considerava uma "dívida pendente" com a família do promotor o reconhecimento ao trabalho que realizou para tentar determinar as causas e os responsáveis do sangrento atentado que matou 85 pessoas em 1994. Como fruto de sua investigação, Nisman pediu a captura de ex-funcionários do governo iraniano e acusou a então presidente Cristina de tentar acobertá-los. O promotor pretendia falar perante o Congresso argentino em 19 de janeiro de 2015 para dar detalhes sobre a denúncia por acobertamento, mas um dia antes foi achado morto com um tiro na cabeça no banheiro de seu apartamento de Buenos Aires. Após um ano de investigações e com um expediente de mais de 9.000 páginas sobre a mesa, a Justiça não pôde determinar se o caso se tratou de um suicídio, de um suicídio induzido ou de um assassinato. Esta última hipótese é a que sustenta a família de Nisman. Como argumentos destacam, entre outros, a ausência da pólvora em suas mãos e de impressões digitais na pistola que o matou, que pertencia ao técnico de informática Diego Lagomarsino, que garante que a emprestou ao promotor um dia antes. No entanto, os peritos oficiais opinam que não são provas conclusivas e descartam a presença de uma segunda pessoa no banheiro onde o promotor foi achado morto. A fim de favorecer a investigação, Macri emitiu um decreto para desclassificar toda a informação relativa a Nisman desde setembro de 2012 até o momento. Além disso, suspendeu o sigilo que garantia aos agentes e ex-agentes dos serviços de inteligência que tenham ou tiveram acesso a informações confidenciais. Com isso, eles podem voltar a ser convocados a prestar depoimento na causa relativa à morte do promotor. Tanto o governo de Cristina Kirchner (2007-2015) como os serviços de inteligência ficaram no olho do furacão após a morte de Nisman, que provocou um terremoto político e a mobilização de milhares de pessoas para exigir respostas da Justiça. A desclassificação de informação poderia reabrir a causa contra a ex-presidente, que foi arquivada em maio do ano passado.

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