quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Kawasaki reconhece perda de R$ 750 milhões com estaleiro no Brasil


A companhia japonesa Kawasaki Heavy Industries divulgou nesta quinta-feira comunicado no qual revela o reconhecimento de uma perda de 22,1 bilhões de ienes (cerca de 750 milhões de reais) no balanço do seu terceiro trimestre fiscal relativa à participação de 30% da empresa na Enseada Indústria Naval. Segundo a companhia, a situação financeira do estaleiro localizado no Brasil tem se deteriorado significativamente em função dos escândalos de corrupção. Com o anúncio, as ações do grupo japonês recuaram 2,93% na bolsa local. A Kawasaki ingressou em 2012 no consórcio Enseada, no qual é parceira de Odebrecht, OEA e UTC, três empresas cujos nomes estão envolvidos nas investigações da Polícia Federal no âmbito da Operação Lava Jato. Diante das suspeitas envolvendo a relação entre a Petrobras e diferentes estaleiros, e dos problemas financeiros da petroleira brasileira, as operações da indústria naval brasileira começaram a enfrentar dificuldades. No caso do estaleiro Enseada, que deveria construir seis sondas, os problemas já resultaram na demissão de milhares de pessoas. As seis unidades deveriam ser construídas até 2020, em um contrato de 4,8 bilhões de dólares com a Sete Brasil. Em março do ano passado, o ministro da infraestrutura japonês, Akihiro Ohta, chegou a enviar uma carta ao ministro do Desenvolvimento brasileiro, Armando Monteiro, cobrando soluções para os estaleiros. Empresas como a Kawasaki, a Japan Marine United e a Mitsubishi participaram de projetos envolvendo os estaleiros Enseada, Atlântico Sul e Rio Grande, respectivamente. Os três estaleiros foram contratados pela Sete Brasil para a construção de sondas do pré-sal que seriam usadas pela Petrobras. Desde 2014, contudo, a Sete Brasil suspendeu todos os pagamentos, paralisando as linhas de produção e dificultando o acesso ao crédito. Depois de mais de um ano de dificuldades, os sócios da Sete Brasil agora analisam a possibilidade de ingressarem com pedido de recuperação judicial ou mesmo uma ação contra a Petrobras, que tem resistido a finalizar acordo de reestruturação do contrato de construção e afretamento de sondas. A reunião para discutir o futuro da companhia está agendada para o próximo dia 21 de janeiro.

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