sábado, 23 de janeiro de 2016

Derrotado nas urnas, o petista Candido Vaccarezza "prestou contas" a empreiteiro propineiro Leo Pinheiro



Cândido Vaccarezza (PT-SP) foi líder do PT em 2009 e líder do governo na Câmara entre 2010 e 2012. Em 2014, pego na Operação Lava-Jato, acabou surpreendido nas urnas em 5 de outubro: não foi reeleito deputado. Doze dias depois, fez um desabafo — contra o PT, contra o governo e contra a imprensa, essencialmente — e uma espécie de prestação de contas sobre a derrota a um “amigo”: o então presidente da OAS, Léo Pinheiro. A mensagem, enviada pelo aplicativo WhatsApp, está registrada no relatório da Polícia Federal que detalha trocas de mensagens e menções a 29 agentes políticos encontradas em dois aparelhos de celular de Pinheiro, condenado pela Justiça Federal em Curitiba a 16 anos e quatro meses de prisão por conta do esquema de propina nos contratos da Petrobras. A PF no Paraná abriu inquérito para investigar Vaccarezza em julho de 2015. A investigação teve início em inquérito no Supremo Tribunal Federal. Sem mandato e sem foro privilegiado, o ex-deputado é investigado na primeira instância. A suspeita é de recebimento de propina por conta de lobby para a contratação de uma empresa pela Petrobras. “Meu amigo Léo Pinheiro. Muito obrigado por tudo”, começa a mensagem de Vaccarezza a Pinheiro, para logo em seguida listar em tópicos seis “motivos da minha derrota”. “1. o PT perdeu muita base em São Paulo; 2. minha base política própria é menor do que eu avaliava; 3. uma parte do PT desenvolveu uma guerra dura contra mim e eu não identifiquei e nem reagi a altura (uma parte do PT e do governo trabalhou para a minha derrota); 4. as matérias injustas e capciosas que saíram na mídia contra mim foram mortais. Não tive como rebatê-las; 5. não consegui ampliar minha votação para fora da base do PT, aqui as matérias funcionaram como uma forte barreira; 6. eu cometi muitos erros de organização e políticos neste últimos 4 anos. Não cuidei da base própria e outras questões que falaremos depois. Os 51 mil e poucos votos que tive são meus. Vou me preparar pra dar a volta por cima com base nas posições políticas que defendo. Quero, quando você tiver um tempo, bater um papo contigo. Forte abraço, Vaccarezza”. O petista recebeu para sua campanha em 2014 uma doação de R$ 67,5 mil da Coesa Engenharia, do grupo OAS. Além dessa, a Polícia Federal registrou outras citações ao deputado. O então diretor de Relações Institucionais da OAS, Roberto Zardi, informou a Pinheiro uma troca de mensagens com o parlamentar, em outubro de 2013. “Caro Vaccarezza. O requerimento está na pauta da reunião de hoje, às 10hs, assunto Leo. Abç”, escreveu. “Vou cuidar disto. Resposta de Vaca”, informou Zardi a Pinheiro. 

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