sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

China adverte George Soros de que ele não deve "declarar guerra ao yuan"



George Soros, investidor famoso por ter quebrado a libra esterlina, foi advertido por Pequim a não "declarar guerra ao yuan", enquanto as autoridades chinesas voltam a confrontar uma forte queda nas ações e uma aceleração na fuga de capitais. A advertência, publicada na primeira página do jornal oficial do Partido Comunista chinês, surge em um momento no qual Pequim está lutando para conter a saída de capitais e sustentar sua moeda. A resposta das autoridades econômicas chinesas — por meio de intervenção em apoio ao yuan — nos últimos 18 meses já reduziu em US$ 700 bilhões as reservas cambiais acumuladas pela China, que agora são de US$ 3,3 trilhões. "A guerra de Soros contra o yuan e o dólar de Hong Kong não tem chance de sucesso — sobre isso não pode haver dúvida", afirmou um artigo de opinião escrito por um pesquisador do Ministério do Comércio Internacional chinês e publicado pelo "Diário do Povo" sob a manchete "Declarar guerra à moeda chinesa? Ha Ha". O investidor bilionário declarou à Bloomberg TV na semana passada que tinha apostado contra o índice S&P 500, moedas asiáticas e economias vinculadas às commodities, e acumulado posições compradas de títulos do Tesouro dos Estados Unidos. Soros não mencionou nem o yuan e nem o dólar de Hong Kong em sua entrevista da semana passada, mas disse que a China era "a raiz" da queda dos mercados mundiais que vem acontecendo este ano, apontando a deflação e o endividamento excessivo como questões cruciais. Ele afirmou que uma aterrissagem dura seria "praticamente inevitável", para a economia chinesa. As autoridades e a mídia oficial da China agiram agressivamente para escorar a confiança no yuan, nas últimas semanas, tentando minimizar a especulação de que a desaceleração na economia poderia forçar Pequim a uma desvalorização cambial desestabilizadora. 

As autoridades também estão tentando administrar os riscos causados pela queda do mercado de ações. As ações chinesas caíram às suas mais baixas cotações em 13 meses, depois dos 6,4% de queda no índice composto de Xangai, na terça-feira. A moeda chinesa caiu em 5,4% diante do dólar desde que as autoridades econômicas do país chocaram os mercados mundiais em agosto ao permitir maior flexibilidade para que o yuan se depreciasse. A pressão de baixa sobre o yuan vem se acumulando, com a saída de capitais da China em ritmo recorde. Dados divulgados na terça-feira demonstram que o superfaturamento de exportações chinesas — um método comum de tirar dinheiro da China continental — havia disparado de novo em dezembro. Foi atribuída a Soros a culpa por ataques especulativos contra moedas durante a crise asiática de 1997 e a crise da libra esterlina em 1992. Ele anunciou que estava se aposentando do investimento financeiro no ano passado, mas ainda serve como presidente do conselho da Soros Fund Management. Soros indicou também que a desaceleração econômica da China representa risco maior para outros países do que para a China mesma, em curto prazo, principalmente por conta do impacto deflacionário que a China exerce sobre os preços mundiais das commodities. "A China será capaz de aguentar o tranco", ele disse. "Tem recursos e maior latitude em termos de políticas econômicas, com seus US$ 3 trilhões em reservas". Em um editorial publicado em inglês no sábado, a Xinhua, agência oficial de notícias chinesa, criticou aqueles que "apostam no fracasso" da economia da China. O artigo advertia que "especulações irresponsáveis e compras a descoberto com intenções destrutivas terão de enfrentar custos mais altos de transações e a possibilidade de consequências judiciais severas". Os dirigentes da agência que fiscaliza o câmbio na China afirmaram repetidamente que "não há base" para uma grande desvalorização do yuan, e um assessor do presidente chinês Xi Jinping declarou em Davos na semana passada que a China não estava em busca de uma moeda mais fraca.

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