segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Bolsa brasileira recuou 13,3% em 2015 e encerrou o terceiro ano seguido no vermelho



A Bolsa brasileira fechou em baixa na última quarta-feira (30), última sessão do ano de 2015, acompanhando o mau humor que afetou os principais mercados mundiais devido a preocupações causadas por nova desvalorização dos preços do petróleo. Com a queda de quarta-feira, o mercado acionário do País fechou o terceiro ano seguido no vermelho. O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, caiu 0,70%, indo para 43.349 pontos. No ano, a Bolsa teve queda de 13,3%. Assim como o dólar, que fechou 2015 com valorização de 49%, o Ibovespa também ficou a reboque da crise política que atrapalhou a aprovação das medidas de ajuste fiscal necessárias para equilibrar as contas do governo e evitar que o País perdesse seu selo de bom pagador junto às agências de classificação de risco. A recessão que o País atravessa, agravada pelo inflação elevada e pelo aumento do desemprego, impacta o resultado das companhias — afetando a cotação das ações de empresas listadas em Bolsa. Mas, outros fatores também contribuíram para a queda do Ibovespa no ano. A Petrobras, mergulhada em uma séria crise devido ao desenrolar da Operação Lava Jato, encerrou o sexto ano seguido com desvalorização de suas ações. Os papéis preferenciais — mais negociados e sem direito a voto — fecharam a sessão em alta de 0,15%, a R$ 6,70, mas amargaram queda de 33,1% no ano. As ações ordinárias — com direito a voto — ficaram estáveis em R$ 8,57 no pregão e acumularam queda de 10,6% em 2015. Fora a crise que afeta a empresa, a queda dos preços do petróleo também contribuiu para a estatal fechar mais um ano no vermelho. O barril do Brent, negociado em Londres, fechou o ano com baixa de 36,8%, no menor nível desde 2009. O WTI, dos Estados Unidos, teve desvalorização de 32,2% e ficou no menor patamar desde 2004. As ações da mineradora Vale caíram pelo terceiro ano seguido. Os papéis preferenciais fecharam o dia com alta de 1,28%, para R$ 10,25, mas acumularam perda de 46,7% no ano. Já os papéis ordinários subiram 2,44%, indo para R$ 13,03. Em 2015, no entanto, recuaram 40,5%. Além da desvalorização dos preços do minério de ferro, a Vale também foi afetada pela tragédia em Mariana (MG), no maior desastre ambiental registrado no País. Na ocasião, uma barragem da mineradora Samarco, que tem como sócias a Vale e a anglo-australiana BHP Billiton, se rompeu. No acidente, cerca de 40 bilhões de litros de lama vazaram, gerando um 'tsunami de lama' que destruiu o vilarejo, matou peixes, invadiu o litoral e deixou um saldo de ao menos 17 mortos - há ainda dois desaparecidos. As ações de bancos — setor com a maior participação dentro do índice — também fecharam o ano no vermelho. Os papéis do Itaú Unibanco caíram 16,3%, enquanto as ações preferenciais do Bradesco se desvalorizaram 33,7% e as do Banco do Brasil caíram 38%. Na contramão, as units - conjunto de ações - do Santander subiram 19,2%. As ações da Metalúrgica Gerdau, por exemplo, registraram a maior desvalorização do ano no índice, após caírem 85,5% afetadas pela queda de 39% dos preços do minério de ferro em 2015, mas também pelo envolvimento do Grupo Gerdau nas falcatruas investigadas pela Operação Zelotes, e que devem resultar em uma autuação gigantesca do grupo pela Receita Federal. Na sequência vêm os papéis da Gol, que tiveram desvalorização de 83,4% principalmente por seu elevado endividamento em dólar. A Bolsa anunciou na quarta-feira que a companhia aérea ficará fora do principal índice da Bolsa brasileira nos primeiros quatro meses de 2016. Na ponta contrária, as ações de exportadoras lideraram os ganhos da Bolsa no ano. Os papéis da Suzano se valorizaram 66,1%, enquanto as ações da Klabin subiram 60,7% e as da Fibria avançaram 59,6%. As três atuam no ramo de celulose (Fibria) e papel e celulose (Suzano e Klabin) e têm parte de sua receita em dólar.

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