domingo, 3 de janeiro de 2016

Arábia Saudita rompe relação diplomática com Irã após invasão de sua embaixada

O reino da Arábia Saudita anunciou neste domingo (3) o rompimento das relações diplomáticas com o Irã, após o país persa criticar duramente a execução pelas autoridades sauditas de um proeminente clérigo xiita. O governo saudita pediu que a missão diplomática do Irã e todas as entidades relacionadas deixem o país em até 48 horas. O rompimento agrava a já tensa relação entre os rivais históricos do Oriente Médio. A escalada começou após a Arábia Saudita anunciar, no sábado (2), a execução do clérigo Nimr al-Nimr e outros 46 acusados de terrorismo.


Nimr, de 56 anos, foi sentenciado à morte por desobedecer as autoridades, instigar a violência sectária e ajudar células terroristas. O clérigo, muito crítico da dinastia sunita Al Saud, liderou em fevereiro de 2011 protestos oposicionistas na parte leste do país, onde está concentrada a minoria xiita saudita. A sua condenação já levara o Irã a criticar o reino saudita. Neste sábado, após a notícia de sua execução, o Ministério de Relações Exteriores iraniano afirmou que o país vizinho pagará um "preço elevado". "O governo saudita apoia por um lado os movimentos terroristas e extremistas e, ao mesmo tempo, usa a linguagem da repressão e da pena de morte contra seus rivais internos. Pagará um preço elevado por esta política", disse o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do Irã, Hossein Jaber Ansari, citado pela agência iraniana Irna. A embaixada saudita em Teerã chegou a ser invadida e incendiada na madrugada deste domingo (noite de sábado em Brasília), o que é um hábito do regime tarado islâmico dos aiatolás. As autoridades sauditas convocaram o representante diplomático do Irã no país para protestar contra as declarações de Ansari, que classificaram como uma interferência em assuntos domésticos. Neste domingo, autoridades iranianas voltaram a criticar a execução de Nimr. O site do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, comparou a Arábia Saudita à milícia radical Estado Islâmico. Na página, foi colocada uma imagem cujo título é: "Alguma diferença?" Nela, aparecem meio a meio um homem com túnica preta, usada pelos terroristas da Síria e do Iraque, e outro com uma túnica branca, comum entre os sauditas. Ambos estão com armas brancas na mão - punhal, no caso do terrorista do Estados Islâmico, e espada para o saudita.  No lado do Estado Islâmico, aparece um prisioneiro de laranja com a mensagem: "Condenado à morte por se opor ao Estado Islâmico". Já na parte saudita, a inscrição é: "Condenado à morte por se opor aos aliados do Estado Islâmico".  Desde que o Estado Islâmico se impôs no Iraque, em junho de 2014, os iranianos acusam os sauditas de financiarem a milícia terrorista. Os sauditas negam a acusação, mas algumas ações colocam em dúvida a real intenção do país de ver os terroristas derrotados. A Arábia Saudita foi um dos primeiros países a deixar a coalizão contra a milícia terrorista liderada pelos Estados Unidos. A monarquia do golfo Pérsico também é criticada por não reprimir os financiadores dos terroristas islâmicos, o que provoca reclamações dos aliados americanos e europeus. A inação dos sauditas em relação ao Estado Islâmico é vista por alguns analistas como uma forma de enfraquecer a Síria e o Iraque, governados por dois aliados de Teerã - o ditador Bashar al-Assad e o premiê Haider al-Abadi. Irã e Arábia Saudita ainda disputam indiretamente o domínio do Iêmen. Enquanto os iranianos reforçam os milicianos houthis, os sauditas fizeram uma ação militar para que o presidente Abdo Rabbo Mansour Hadi retome o poder. A Arábia Saudita sunita e o Irã xiita se estranham desde que os aiatolás tomaram o poder em Teerã, em 1979. Com a ascensão de Khomeini e companhia, inimigos dos Estados Unidos, os sauditas se aproximaram ainda mais dos americanos. O fundamentalismo xiita terminou por estimular o terrorismo entre os sunitas radicais, que acusam a Arábia Saudita de trair o Islã ao aliar-se aos Estados Unidos. Al Qaeda e, posteriormente, Estado Islâmico são as expressōes máximas do terror sunita (Osama bin Laden era saudita). A Arábia Saudita enfrenta o radicalismo sunita (e xiita) com mão de ferro, dentro do seu território. Por isso, decapitou o clérigo xiita al-Nemer Nemer - que levou iranianos a incendiar a embaixada saudita em Teerã e Ali Khamenei a comparar o regime da Arábia Saudita ao Estado Islâmico. Resultado: o corte de relaçōes diplomáticas da parte de Riad e o acirramento ainda maior das tensōes no Oriente Médio. O Estado Islâmico festeja a divisão agora completa dos seus maiores inimigos.

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