sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Arábia Saudita poderá abrir capital da maior produtora mundial de petróleo

A Arábia Saudita está considerando oferecer em bolsa ações da estatal petroleira Saudi Aramco, a maior produtora de petróleo do planeta, o que poderia resultar na criação da mais valiosa companhia de capital aberto do mercado. Mohammed bin Salman, de 30 anos, príncipe herdeiro assistente do reino, disse estar "entusiasmado" quanto a uma oferta pública inicial de ações da Saudi Aramco, e que uma decisão a respeito seria tomada "nos próximos meses". Os comentários dele, em entrevista à revista "Economist", surgiram em um momento no qual o maior exportador mundial de petróleo enfrenta dificuldades para conter um deficit orçamentário de quase US$ 98 bilhões, depois da espetacular queda de 70% que os preços do petróleo registraram nos últimos 18 meses. O governo saudita recentemente anunciou cortes de gastos, reformas nos subsídios e propôs privatizações a fim de controlar seu deficit cada vez mais alto.


A arrecadação anual do governo — estreitamente vinculada ao preço do petróleo — caiu em 34,5% no ano passado, de acordo com estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI). "Acredito que isso sirva ao interesse do mercado saudita e ao interesse da Aramco", disse o príncipe Mohammed. Ele afirmou que colocar ações do grupo no mercado criaria "mais transparência" e "combateria qualquer corrupção que possa existir em torno da Aramco". Se todo o capital da companhia saudita fosse colocado no mercado, ela teria avaliação da ordem dos trilhões de dólares. Em contraste, a Apple, fabricante do iPhone, hoje a mais valiosa companhia do planeta, tem avaliação de US$ 543 bilhões. O príncipe Mohammed se tornou o homem forte do governo saudita desde que seu pai, o rei Salman, assumiu o trono no ano passado. Além de servir como ministro da Defesa, ele comanda os esforços de reestruturação da economia saudita. Em maio, o rei separou a Saudi Aramco do Ministério do Petróleo e entregou o controle da empresa ao Príncipe Mohammed, em nova prova de sua crescente influência. Banqueiros e autoridades sauditas disseram que já houve discussões no passado sobre uma possível emissão de ações — no valor integral ou parcial da empresa. Mas os comentários do príncipe são o sinal mais claro até o momento de que a proposta conta com apoio nos mais altos escalões. A Arábia Saudita detém 16% das reservas confirmadas de petróleo do planeta, com 268 bilhões de barris. Elas equivalem a 11 vezes mais que as reservas detidas pela Exxon, cuja capitalização de mercado é de US$ 322 bilhões. "O objetivo é levar transparência à Saudi Aramco", disse um funcionário do governo, acrescentando que "mais dinheiro para expansão também ajudará, em um momento como este".

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