sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

PSDB recua e passa a defender que impeachment fique para fevereiro

Depois que o governo passou a defender um desfecho o mais rápido possível para o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, com a possibilidade de que o recesso parlamentar seja cancelado, parlamentares do PSDB mudaram de opinião e passaram a defender que o Congresso não altere as datas de folga e suspenda as atividades, como é de praxe, no fim do ano. Pela manhã, o líder do partido na Câmara, Carlos Sampaio (SP), chegou a dizer que era impensável "entrar em férias" com uma questão com a gravidade de um impeachment. Nesta quarta-feira (2), logo após o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ter anunciado que autorizaria o início do processo de impedimento, deputados e senadores do PSDB defenderam a suspensão do recesso para que o caso não perdesse força no Congresso. Na tarde desta quinta-feira, no entanto, os tucanos passaram a considerar a suspensão do recesso parlamentar como uma estratégia que poderá beneficiar apenas a presidente Dilma Rousseff e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Isso porque consideram que Dilma só será retirada da presidência se houver forte apelo popular. "Só vai ter impeachment se tiver rua. E é difícil imaginar que haja uma mobilização em massa durante o Natal e o Ano Novo", avaliou o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB). "Ideal é que tenhamos o recesso, até para dar um fôlego ao governo para que a presidente Dilma possa governar, coisa que ela não fez até agora, para dar tempo de a população se mobilizar porque dificilmente vai se conseguir mobilizar no Natal, no Ano Novo, nas férias escolares, que emenda com o Carnaval. A disputa Dilma e Cunha não pode ser maior que Brasil", disse. Para ele, as manifestações contrárias ao governo e ao PT que tomaram conta das ruas neste ano foram fruto, principalmente, da mobilização da classe média, que se prepara, tradicionalmente, para descansar em janeiro. O ministro Ricardo Berzoini (Governo) reuniu no Palácio do Planalto nesta quinta líderes de partidos aliados e, segundo relatos, pediu celeridade sob a avaliação de que uma extensão do caso até os primeiros meses de 2016, além de representar um "sangramento em praça pública", pode dar margem ao crescimento de movimentos de rua contrários a Dilma e de dissidências dentro da base aliada. Essa linha de ação deverá ser adotada caso fracassem as tentativas de barrar o processo no Supremo Tribunal Federal. O senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, conversou por telefone na tarde desta quinta com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sobre a hipótese de se convocar extraordinariamente o Congresso Nacional durante o recesso parlamentar. Segundo Cássio, Aécio Neves comunicou a Renan a decisão do partido. Para que o recesso parlamentar, que começará em 23 de dezembro, fosse suspenso, seria necessário uma convocação extraordinária do Congresso Nacional. Para que isso acontecesse, é preciso que os presidentes da Câmara e do Senado, os peemedebistas Cunha e Renan Calheiros (AL), assinem um ato conjunto, que precisa ser aprovado por maioria absoluta das duas Casas. Aliados de Renan indicaram que o peemedebista não quer fazer uma convocação extraordinária do Congresso. "Se isso acontecer e a presidente de fato perder o seu mandato, o PMDB poderá ser acusado de ter dado um golpe, já que quem deflagrou o processo é peemedebista e quem assumirá a presidência da República também é peemedebista", avaliou um integrante da cúpula do PMDB nesta quinta, fazendo referência ao vice-presidente da República, Michel Temer. Apesar da divulgação da intenção de ter um recesso parlamentar, Cássio ponderou que a sigla ainda irá se reunir na próxima semana para fechar a questão sobre o assunto. A decisão sobre acelerar ou não o processo de impeachment tem rachado a oposição. O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), discorda da posição do partido aliado e defende que o caso seja levado adiante nos próximos meses, suspendendo o recesso parlamentar. "Por que esse ato diante de um quadro tão grave? Eu não consigo explicar para o eleitor que eu vou sair de recesso em dezembro e só volto em fevereiro. Qual é o exemplo que se dá para o país? Se a população enxerga que os líderes estão indo para casa passar o Natal e o Ano Novo, por que as pessoas irão para as ruas? O governo não vai usar esse tempo para governar. Vai ter um foco exclusivo em derrubar o impeachment", disse.

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