domingo, 13 de dezembro de 2015

Irã examina potenciais candidatos a novo líder supremo, diz ex-presidente


Um comitê iraniano está examinando potenciais candidatos a novo líder supremo do país, afirmou neste domingo (13) o ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani, quebrando um tabu ao falar publicamente sobre a sucessão na República Islâmica. Mesmo depois que o aiatolá Ali Khamenei, de 75 anos, se submeteu a cirurgia para remover um câncer de próstata no último ano, o debate público a respeito da sucessão nunca ganhou força nos círculos oficiais devido ao risco de isso ser visto como uma forma de enfraquecer a figura mais poderosa do Irã. Mas com uma eleição marcada para fevereiro para a Assembleia dos Peritos, corpo clerical que escolhe o líder supremo, a discussão finalmente veio à tona. O moderado presidente Hassan Rouhani e seus aliados querem se aproveitar da popularidade que ganharam ao assinarem um acordo nuclear com a potências mundiais que deve acabar com as sanções impostas ao país, para vencer a maioria dos assentos na assembleia e também na eleição parlamentar que acontecerá no mesmo dia. "A Assembleia dos Peritos irá atuar quando um novo líder precisar ser indicado. Eles estão se preparando para isso agora e estamos examinando as opções", disse Hashemi, um dos principais aliados de Rouhani, de acordo a agência de notícias Irna neste domingo. "Eles indicaram um grupo para listar as pessoas qualificadas que serão colocadas para votação (na assembleia) quando um incidente ocorrer", acrescentou, numa das raras vezes em que alguém ligado ao governo explica o processo de sucessão no país. A assembleia de 82 clérigos eleitos tem como responsabilidade eleger, supervisionar e até desqualificar o líder supremo. E esse grupo é eleito pelo povo a cada 10 anos, mais ou menos, e os comentários de Rafsanjani podem ser vistos como uma forma de engajar o apoio do público nas eleições, e assim lhes garantir mais poder para escolher o próximo líder. Ao longo da última década, os conservadores ganharam mais assentos tanto na assembleia como no parlamento, pois todos os candidatos são examinados pelo Conselho Tutelar, cujos membros mais influentes são escolhidos direta e indiretamente pelo líder supremo para interpretar a constituição. O líder supremo é o comandante supremo das forças armadas e aponta os chefes do sistema judiciário. Ministros importantes são selecionados com seu aval e ele tem a última palavra na política externa do Irã e em seu programa nuclear. Em comparação, o presidente tem pouco poder. Khamenei é apenas o segundo líder supremo do Irã, escolhido em 1989 quando o aiatolá Khomeini morreu. Rafsanjani também afirmou que a Assembleia dos Peritos estará aberta para escolher "um conselho de líderes se necessário", em vez de um único aiatolá. Rouhani e Rafsanjani são, os dois, membros da assembleia e devem concorrer na próxima eleição.

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